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E-book sobre a formação inicial de professores, com participação da ANEC, é lançado durante live

03/08/2023
Por  ANEC Comunicação

A formação docente desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de uma sociedade. Os professores são essenciais para o crescimento das gerações futuras, moldando não apenas o conhecimento acadêmico, mas também trabalhando para o aperfeiçoamento pessoal e pela consciência cívica dos estudantes. Várias questões suscitam o debate sobre a formação inicial para professores que é oferecida no Brasil. Pensando nisso, a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC), em parceria com a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) e com o Instituto Península, e com o apoio técnico do Movimento Profissão Docente, preparou o e-book “Inovação na formação inicial docente: experiências de instituições de educação superior (IES) brasileiras”. O material está disponível gratuitamente de forma a subsidiar diversos setores, principalmente, o governo e os entes responsáveis pelas mudanças e transformações que são relevantes para o avanço e as melhorias na educação. O evento de lançamento ocorreu na última terça-feira (25/7), em uma live especial, que contou com a participação de representantes das entidades envolvidas. 

Celso Niskier, diretor-presidente da ABMES, contou que a elaboração do documento teve como foco trabalhar tanto os docentes, quanto os gestores e alunos, e também a educação a distância. Os encontros contaram com a participação ativa de sete instituições: a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), UniCarioca, Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), Universidade Paulista (UNIP), Centro Universitário Unilasalle, Faculdade Wlademir dos Santos (Wlasan) e a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). “Esse e-book nasce como uma parceria público-privado, no sentido de envolver instituições de todas as naturezas”, afirma. “Nós temos um retrato da diversidade institucional brasileira, com instituições públicas, privadas, confessionais e empresariais. Todas envolvidas nesse debate. O material representa o fruto da sistematização de casos e traz os mais variados temas como a reestruturação curricular, definição melhor do perfil do egresso, articulação de estágio e prática e outros”. 

Período de transformação

Pesquisas têm mostrado que um dos fatores intra-escolares que mais impactam a aprendizagem dos alunos é o apoio aos professores, segundo Mariana Breim, diretora de políticas educacionais do Instituto Península. “Educar não é uma tarefa simples, especialmente em um cenário em constante transformação. O mundo vai mudando diante dos nossos olhos, impulsionado não só pelas tecnologias, mas também pelas demandas sociais, pelos desafios que são bastante complexos. Então é importante que a gente repense a maneira como a gente forma os nossos educadores. Para que a gente consiga ajudá-los a responder todas essas mudanças com flexibilidade, criatividade, amorosidade e afetividade”, afirma. “Hoje nós estamos dando mais um passo importante nesse caminho de valorizar e desenvolver os nossos professores. Pois  a formação inicial é uma peça chave nessa engrenagem que é necessária para a gente ter um bom professor em sala de aula”, defende.

Haroldo Rocha, coordenador-geral do Movimento Profissão Docente, aponta que o Brasil passou por transformações profundas nas últimas décadas e nesse sentido, apesar da velocidade com que as coisas estão mudando, a educação está procurando se reposicionar. “Desde 2015 nós temos a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que foi uma construção fundamental e que deu base aos novos currículos do país. Além disso, a pandemia obrigou a educação básica a usar a tecnologia e isso afastou um medo que existia entre os professores, do uso e adoção da metodologia em sala de aula. A tecnologia digital transforma tudo e a educação não pode ficar com essa visão conservadora, resistindo ao uso dela”, afirma. 

O especialista também defende que o educador tem que ocupar o centro do palco. “Desafios da educação foram vencidos e agora é a hora do professor. Afinal de contas, são eles que vão implantar novos currículos, fazer recomposições de aprendizagens, promover uma educação mais personalizada de acordo com a necessidade e a demanda de cada criança de cada jovem e outros”, afirma. “É preciso estar bem definido o professor que nós precisamos para o século 21.  Isso nos conduz a ideia de competência e habilidade. Um passo à frente de uma educação que era focada em transmitir conteúdo. Não basta isso, é preciso que esse conhecimento propicie a possibilidade de desenvolvimento integral das crianças e também dos professores”. 

Criação de políticas públicas

A conselheira do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, Maria Alice Carraturi, afirma que toda política pública é importante, mas nem sempre ela chega às salas de aula. “Se as instituições de ensino superior estão convencidas de que elas precisam trabalhar formação inicial docente com qualidade, são elas que vão fazer a mudança e não a política pública. “, comenta. “E foi por isso que criamos esse grupo de trabalho para construir esse material. Unir as IES para pensar junto os fatores de qualidade e construir consensos, apesar de ideologias diferentes”. Segundo Maria Alice os principais objetivos do GT são: promover um diálogo entre as IES e as escolas de educação básica, disseminar boas práticas de formação inicial, criar uma rede de instituições que queiram ser modelos de qualidade e influenciar políticas públicas. “Valorizar e dar luz a essas instituições que se destacam como formadores de qualidade de professores”. 

Roberta Guedes, Gerente da Câmara de Educação Básica da ANEC, defende que é preciso criar políticas públicas que sejam voltadas para todos e desmistificar o trabalho da rede privada e da rede pública, pois ambos podem e precisam estar em consonância para a melhoria das condições, tanto de formação e de capacitação quanto de trabalho para os docentes. “O professor é o protagonista. Ele é o protagonista de um currículo, mas ele também precisa ser cuidado como tal,  como pessoa que vai agir nesse currículo e esse cuidado em todos os sentidos, é o cuidado acadêmico, profissional, técnico pedagógico e socioemocional”, afirma. 

É preciso ter um olhar diferenciado para os professores desde a sua formação inicial, para que o Plano Nacional de Educação (PNE) não seja só um conjunto de metas, mas sim um plano a ser colocado em prática, segundo a gerente. “Para garantir condições de trabalho e saúde dos profissionais a gente precisa cuidar desde o início, precisamos de disciplinas que tratem sobre Direitos Humanos, saúde emocional dos futuros docentes, que relacione o que esse futuro professor vai viver na sua escola com a sua formação inicial. São caminhos importantes para uma formação adequada”, diz. Além disso, para Roberta, também é importante que a educação básica e o ensino superior estejam conectados para garantir uma formação integral do professor. 

Valorização profissional

Gregory Rial, Gerente da Câmara de Ensino Superior e Coordenador do Setor de Animação Pastoral da ANEC, afirma que é preciso ter investimento em quem faz a educação acontecer: educadores, professores e gestores escolares. “Se não olharmos para esses profissionais, que fazem parte de um grupo que está cansado, desmotivado e que não tem o devido reconhecimento social, nós não conseguiremos avançar nas discussões”, aponta. “Nós precisamos investir muito no diálogo. Superar essa endogenia muito própria das instituições de ensino superior, fechadas na sua bolha, no seu universo, e dar passos para fora, em saída, para a gente poder ver o que está acontecendo no mundo e voltar para as nossas instituições com uma mudança de postura”. 

O gerente também elencou cinco pontos do e-book que, para ele, são importantes e meritórios do ponto de vista institucional, são eles: fidelidade ao legado da instituição e a vocação de responsabilidade social; investimento de tempo e recursos; mudanças e posturas de gestão inovadoras que acreditam  e apoiam esse tipo de projeto; contextualização e pertinência, onde todas as transformações foram feitas de forma bem direcionada para a conjuntura em que a universidade está inserida; e esforço pela criatividade. “Não há receita pronta para aquilo que nós estamos precisando nesse momento, que é uma formação mais ostensiva, mas intencionalmente focada na prática docente. São experiências que vão sendo construídas. São cases que o sucesso está sendo construído dia após dia. Nesse momento a gente não precisa focar tanto no resultado final mas no esforço envolvido no processo”, finaliza.

Fabiana Deflon, Gerente da Câmara de Mantenedoras da ANEC, aponta que as licenciaturas são uma preocupação do grupo de trabalho, pois segundo dados do último Censo da Educação Superior, há um grande número de evasão e as matrículas não têm sido muito significativas. Ela também aponta que o setor da educação está passando por um momento muito importante que é a avaliação do PNE. “É preciso valorizar os docentes. A meta 17, que trata sobre a valorização dos docentes, teve apenas 76,5% de sua meta atingida. Já a meta 18,  que versa acerca dos planos de carreira dos profissionais do magistério ainda não foram avaliados. Essa questão é urgente, para que possamos motivar os professores a inovarem, a pensarem atividades em sala de aula que engajem o aluno e em conjunto com o gestor”, afirma. “Esse curso não pode ser um curso só pela oferta, nós temos uma responsabilidade social muito grande com ele. Então nós temos que repensar a valorização desse professor, no que ele pode oferecer para os seus alunos para eles saírem para o mercado de trabalho motivados e que também para que possam inspirar outras outras pessoas a seguirem essa carreira”. Deflon também afirma que um projeto pedagógico bem estruturado pode mudar a realidade de uma Regional. “É isso que a educação faz. Ela muda e transforma a vida das pessoas. E eu tenho certeza que todos nós que estamos aqui acreditamos que somente por meio da educação a gente é capaz de transformar o mundo e fazer as coisas acontecerem”.  

Também participaram da live de lançamento do e-book Camila Naufel, gerente de políticas públicas do Movimento Profissão Docente, e Simone Silva, coordenadora de relacionamento da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES). 

Confira a live completa aqui. Para baixar gratuitamente o e-book “Inovação na formação inicial docente: experiências de instituições de educação superior (IES) brasileiras”  basta clicar aqui.


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