Claudia Costin diz, em palestra no Fórum Nacional da Educação Católica, que meta do país deve ser garantir para todos, até o final desta década, um ensino de qualidade, desde a pré-escola
Até 2030, o Brasil está diante do desafio de assegurar que todas as meninas e meninos tenham acesso a programas de primeira infância de qualidade, incluindo a educação pré-escolar, e garantir que todas as crianças completem a educação básica de qualidade. As duas metas foram traçadas nesta terça-feira (14), durante o Fórum Nacional da Educação Católica, pela professora Claudia Costin, ex-Secretária Municipal de Educação no Rio de Janeiro e diretora-geral do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV-RJ.
Em sua palestra no painel “Novos Horizontes para a Educação: Inovação e Tecnologia”, Claudia explicou que, mesmo antes da pandemia, o Brasil já passava por uma crise de aprendizagem, exclusão e desigualdades educacionais e ela só se agravou. Levantamentos realizados pelo Ministério da Educação, como o ANA 2018 e o SAEB 2019, mostram que o problema começa cedo — quase 55% dos estudantes acima dos 8 anos de idade estão em níveis insuficientes de leitura — e se estende até a adolescência: apenas 10,8% dos jovens de Ensino Médio aprenderam o suficiente em matemática e 37,1% em português. Além disso, metade dos jovens brasileiros de 15 anos não tem proficiência em leitura.
A professora acredita que o Brasil terá que enfrentar muitos desafios para melhorar o ensino do futuro, confrontado com fatos como o de que cerca de dois milhões de postos de trabalho serão extintos em menos de 50 anos. Por isso, diz Costin, é preciso aumentar o número de jovens e adultos com habilidades relevantes, incluindo competências técnicas para empregabilidade e empreendedorismo. A última meta é garantir que os alunos tenham conhecimentos e habilidades necessários para promover o desenvolvimento sustentável por meio da educação para a sustentabilidade.
Neste contexto, Claudia explica que a escola a ser construída no futuro necessitará de trabalho colaborativo, com alunos que aprendam a se reinventar, escolas onde os saberes não estejam fragmentados em apenas 4 horas de aulas. “E que sejam ambientes que ensinem a pensar, a aprender e que reservem tempo e espaço para a autonomia.
“É preciso reinventar. Aproximar a educação da tecnologia e preparar os estudantes para a automação e robotização, que são as tendências em educação no mundo”, esclareceu ela.
Costin enumerou alguns “legados” da pandemia da Covid-19 na educação. As crises levaram à quebra de paradigmas e à aceleração da inclusão digital dos professores e dos estudantes, fenômeno que revelou a urgência para se formatar e aplicar metodologias ativas e prototipação de soluções, além de trazer ao centro do debate a conectividade de escolas e residências.
Turno único precisa acabar
Segundo Claudia Costin, as escolas em turno único precisam acabar. É necessário ter, pelo menos, sete horas de aulas, professores com dedicação exclusiva e gestores de escola como os principais responsáveis pela cultura de colaboração, tanto no planejamento como na aprendizagem profissional de toda a unidade.
“É preciso participar do projeto de vida do aluno. Isso merece tempo dedicado na escola. Projeto de vida é a construção da autonomia. É preciso, ainda, desenvolver melhor o ensino híbrido, com sala de aula invertida e ter professores pesquisadores, que cuidem das suas próprias práticas e dos seus alunos”, argumentou a professora.
As chamadas salas de aula invertidas também são muito importantes e estão dentro dos debates sobre modelos de ensino. Nelas, há uma mudança na forma tradicional de ensinar. O conteúdo passa a ser estudado em casa e as atividades realizadas em sala de aula. “Assim, o aluno assume o protagonismo do seu aprendizado. É esse papel que vai resgatar o que o ele perdeu. Além disso, vai transformar a relação professor e aluno. Será mais interessante ser professor num ambiente educacional e em um mundo em transformação”.
O Fórum
Com o objetivo de discutir as tendências e as projeções para a Educação Católica no país, a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil – ANEC realiza o Fórum Nacional da Educação Católica e a Assembleia Geral Ordinária. Com o tema ‘Fazer novas todas as coisas: tendências e projeções para a Educação Católica’, o encontro reúne mais de 450 participantes, entre profissionais que atuam nas instituições de educação católica do país.
Além de palestras, workshops e rodas de conversa, o Fórum conta ainda com a feira ExpoAnec, que tem a participação de diversos players do mercado educacional, apresentando as novidades e as tendências do segmento. Mais informações: https://anec.org.br/eventos/forum-nacional-da-educacao-catolica-e-assembleia-geral-ordinaria/#programacao
A ANEC
A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) tem como missão articular, congregar e representar as Instituições Católicas de Educação do Brasil, assim como promover uma educação cristã evangélico-libertadora, entendida como aquela que visa à formação integral da pessoa humana, sujeito e agente de construção de uma sociedade justa, fraterna, solidária e pacífica, segundo o Evangelho e o ensinamento social da Igreja. Além disso, proclamar a liberdade de ensino consagrada na Declaração Universal dos Direitos Humanos, na Constituição da República Federativa do Brasil e nos ensinamentos do magistério eclesial. Promover ainda a pesquisa científica, a extensão social e o desenvolvimento cultural a serviço da vida.
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