As mudanças que o Novo Ensino Médio trouxe para as instituições do Ensino Básico foram o foco da Super Tarde Pedagógica realizada pela Associação Nacional de Ensino Católico do Brasil no dia 6 de outubro. O encontro reuniu professores, educadores, pedagogos e especialistas sobre o tema para abordar as mudanças no Ensino Básico, além de procurar resolver todas as dúvidas das instituições sobre o tema. O Programa Semente, BookFair e Edify foram os patrocinadores que apoiaram o encontro.

O Pe. Sérgio Mariucci, Conselheiro do Conselho Superior da ANEC, e o coordenador de pastoral do Colégio Marista Nossa Senhora de Nazaré, Jadir Júnior, ficaram responsáveis pela abertura e o momento de espiritualidade que deram boas-vindas aos participantes do encontro. A reflexão inicial trouxe como tema a ecologia integral e o papel do docente dentro das instituições, além de fazer uma homenagem à Nossa Senhora. 

A primeira palestra do evento abordou as diferentes formas de implantação dos itinerários formativos do Novo Ensino Médio. A assessora de Educação Básica e Superior na União Marista do Brasil e coordenadora de cursos de pós-graduação em educação no IESB, Michelle Jordão Machado, explicou que a reforma do Ensino Médio é algo esperado há um tempo, mas é uma mudança que deve ser planejada com antecedência. A especialista apresentou as 5 grandes dimensões orientadoras do Novo Ensino: educação integral, flexibilidade, protagonismo juvenil e experiências híbridas, reforçando a importância do apoio aos estudantes. “Temos a responsabilidade de apoiar nossos alunos para que eles possam fazer escolhas assertivas de conteúdo que precisará aprofundar, entendendo que ele irá entrar no Ensino Médio fazendo a escolha do itinerário”, explicou. Ela também frisou a importância de tranquilizar o jovem para que ele se sinta à vontade para fazer suas escolhas dentro da grade curricular.

O projeto de vida pessoal, social e profissional dos estudantes também foi avaliado como um importante fator na composição dos itinerários formativos, pois vai além da escolha profissional e pode trazer sentido e significado para os estudantes. Este projeto precisa estar presente de forma visível e, por isso, é aconselhável que tenha um espaço similar a uma unidade curricular para que seja possível integrar a formação geral básica com a formação dos itinerários formativos, de acordo com Michelle. Ao fim da apresentação, Michelle orientou que cada instituição avalie o contexto em que está inserido através de um grupo de trabalho focado no processo de implantação. Para auxiliar a implantação, ela apresentou ciclos capazes de auxiliar no planejamento do processo.

De forma complementar, as representantes do GT Pedagógico do Conselho de Minas Gerais, Cynthia Sampaio e Elaine Oliveira, trouxeram ao evento o segundo tema abordado durante a tarde: a implantação das disciplinas eletivas, que acontecem a partir do itinerário formativo, anteriormente apresentadas. As professoras explicaram que as disciplinas eletivas surgiram como uma forma de complementar o projeto de vida do estudante. “Os componentes curriculares eletivos se caracterizam como a parte mais flexível do currículo. É uma forma prática de realizar vivências e experiências que possuem como objetivo proporcionar uma aprendizagem significativa, fortalecendo a autonomia e o protagonismo do jovem”, citou Cynthia. 

Para que as instituições de ensino possam definir as eletivas que disponibilizarão aos alunos, é importante considerar a realidade local, os recursos físicos, materiais e humanos da escola. É necessário também identificar os interesses e as necessidades dos jovens, para que o cardápio possa atender o projeto de vida dos estudantes. “Quanto mais estudantes, maior deve ser a quantidade e variedade de eletivas”, afirmou enquanto mostrava o case da Escola Santo Tomás de Aquino. Elaine Lima também apresentou o case do Colégio Santa Maria de Minas Gerais sobre o projeto piloto iniciado em 2020 que auxiliasse na definição do cardápio de eletivas que seriam ofertadas pela escola e na implantação do componente Projeto de Vida no 9º ano do Ensino Fundamental.

Pondo em prática o Novo Ensino Médio: como organizar o Projeto de Vida?

Um dos temas abrangentes no Novo Ensino Médio é justamente o Projeto de Vida. Nele o estudante se baseia em reflexões, vivências e conhecimentos que permitem desenvolver algumas dimensões da vida. Os aspectos pessoal, social e profissional, por exemplo, são trabalhados por meio de atividades que desenvolvem o senso de responsabilidade, os valores e a ética. Desde a sua aprovação, várias iniciativas vêm sendo tomadas para facilitar a implantação. No encerramento da Super Tarde Pedagógica, a ANEC convidou a assessora pedagógica da Rede Salesiana de escolas, Maria Leoneide e a Especialista em Educação, Simone André para compartilharem como têm sido a experiência na vivência salesiana com o Novo Ensino Médio, em especial, com a implantação do Projeto de Vida.

Segundo as diretrizes do Novo Ensino Médio, a instituição escolar deve ajudar os jovens a entender o contexto que os cerca e incentivá-los a refletir sobre as consequências de suas ações. Dessa forma, o Projeto de Vida vai muito além dos limites da escola, sendo essencial para sua socialização. A assessora pedagógica da Rede Salesiana de escolas, Maria Leoneide, conta que para implementar o Projeto de Vida, a equipe pedagógica teve que oferecer ferramentas e recursos para que os adolescentes transformem suas ideias em objetivos concretos. “Foi constituído um grupo de trabalho, para que pudesse estudar a proposta da BNCC sobre o projeto de vida. Nós sabemos que as escolas confessionais têm ações neste sentido, mas agora nessa configuração de componente que a Base impõe, nós precisamos aprender a organizar as novas diretrizes para melhor oferecer aos alunos”. 

Com o auxílio de um plano de ação, a coordenação pôde estabelecer metas e estratégias para viabilizar o planejamento e, com isso, atender às diretrizes da BNCC. É isso que a especialista em educação, Simone André, está implantando na Rede Salesiana de Educação. Para ela, o plano de ação deve ser revisado constantemente para que os alunos consigam refletir, dialogar e tomar decisões sobre seus projetos pessoais. “No segundo semestre de 2020, nós construímos os princípios do trabalho para desenvolver o componente curricular. Definimos o conceito do que é um Projeto de Vida, uma matriz com temas das competências para dar norte a tudo que vem depois”. Segundo a especialista, é importante dar subsídios para a formação tanto dos professores quanto dos alunos, “começamos a construir um material didático. Pensamos em primeiramente ser no sentido de experimentação – para que as escolas possam fazer uma degustação do que é o Projeto de Vida. Assim faremos um tempo de escuta dos professores e dos alunos para que posteriormente possamos atualizar o projeto”, conclui.

Além disso, Simone explica que a participação da família é fundamental para o desenvolvimento estudantil, social e profissional, pois a inclusão dos pais aumenta o engajamento e fortalece a identidade e a busca do conhecimento pelos jovens.

Parabéns aos professores!

Ao final, o Diretor Geral da Rede Santa Paulina, Rodinei Balbinot, saudou a todos os docentes pela comemoração do Dia dos Professores, celebrado no dia 15 de outubro, e deixou uma mensagem de gratidão, “obrigado educador pela vida doada, por serem luz e esperança, gratidão por vocês que são cooperadores da graça divina para gerarem mais vida,” finalizou.