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Educação católica em comunhão: ANEC reúne, em Brasília, reitores e presidentes de mantenedoras associadas

29/11/2023
Por  ANEC Comunicação

No dia 23/11 aconteceu, em Brasília, o Encontro Presencial dos Fóruns de Reitores e Presidentes de Mantenedoras associadas. Promovido pela ANEC, o evento reuniu, na Casa de Encontros Dom Luciano, da CNBB, reitores, presidentes e gestores das instituições para troca de experiências e validação das principais agendas políticas, sociais e eclesiais da ANEC para as associadas em 2024. 

Com o tema Educação católica em comunhão: gestão inteligente, liderança humanizada e compromisso social, a programação do encontro, na parte da manhã, contou com um diálogo com o deputado federal Reginaldo Lopes (PT), que tem atuado dentro das pautas de educação no legislativo, e com o ex-deputado Prof. Israel Batista, que fez uma análise da educação brasileira atual. Já no período da tarde, os reitores tiveram a oportunidade de conhecer mais sobre a Universidade dos Sentidos, um programa vinculado ao Pontifício Instituto Scholas Occurrentes, e de participar de uma apresentação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) com dados do último Censo de Educação Superior. Os presidentes e representantes das mantenedoras puderam participar da apresentação da primeira etapa da pesquisa Contribuição da Educação Católica na Sociedade Brasileira e construíram e validaram as pautas políticas e institucionais para 2024.

A mesa de abertura contou com a presença de Irmã Iraní Rupolo, presidente do Conselho Superior da ANEC; Pe. João Batista Gomes de Lima, diretor-presidente da ANEC; Irmã Marli Araújo da Silva, presidente da Câmara de Mantenedoras da ANEC; Irmã Luciane Kudlawicz, Secretária da Conferência dos Religiosos do Brasil; e Dom Francisco Agamenilton, Bispo Diocesano de Rubiataba-Mozarlândia (GO) e secretário do Regional Centro-Oeste da CNBB. “É importante estarmos reunidos pelo Fórum. Sei que nós estamos muito habituados às reuniões virtuais, mas é maravilhoso poder dizer que estamos voltando à presencialidade. Porque a educação é também, sobretudo, proximidade, olhos nos olhos”, afirma Ir. Iraní. “Quando se pensa em educação, pensa-se em qualificar o sentido e o sabor da vida humana. O sabor da sociedade e de viver em coletividade. É dar sentido e significado à vida”. 

Panorama da educação brasileira

O deputado Reginaldo Lopes falou aos presentes sobre o Novo Ensino Médio e os impactos da reforma tributária no setor educacional. O parlamentar reconheceu que o processo de implantação do Novo Ensino Médio não aconteceu de maneira sólida e eficiente, mas defendeu alguns aspectos da reforma. “Não é uma particularidade do Brasil buscar um Ensino Médio que responda às principais perguntas e necessidades dos jovens, é do mundo”, afirma. “O nosso Ensino Médio anterior, ancorado por disciplinas, é muito disperso. É evidente que nós temos que dar conta de colocar dentro das áreas do saberes todos os conteúdos, têm que existir essa transversalidade. E o Brasil criou um modelo para chamar de seu. Eu acredito que o modelo integrado, em especial dos institutos federais, é um bom modelo”, afirma. “Precisamos sair da polarização. Temos que avançar com uma base nacional comum curricular, que seja capaz de oferecer uma formação necessária aos alunos”.

No que tange à reforma tributária, o deputado Reginaldo aponta que um dos principais objetivos é simplificar a cobrança de impostos no país, tornando visível o que é pago com mercadoria e serviço. “No setor educacional, nós vamos cobrar uma alíquota com 60% de redução. Ou seja, se ela for 25%, a carga tributária será 10%”, afirma o parlamentar. “Além disso, todas aquelas instituições que têm imunidade tributária estarão preservadas, como, por exemplo, o Prouni com 100% de isenção. Pois todas as isenções, sejam do ponto de vista cultural, da assistência educacional que estejam vinculadas ao setor produtivo, a reforma transfere para o IVA (Imposto de Valor Agregado), seja o da União ou seja dos estados”. 

O ex-deputado e professor Israel Batista, fez uma análise da educação brasileira atual. O professor afirmou que, nos últimos anos, houve uma mudança profunda na forma com a qual a sociedade se relaciona e, com a ascensão das redes sociais, a internet acaba sendo o novo campo de debate público. “E tudo isso traz desafios imensos para que a gente estabeleça consensos de política pública. O Brasil está dividido e a tendência é de aprofundamento de desentendimento por conta das novas tecnologias e da ascensão de política feita de nichos”, comentou. “E a política educacional vai se inserir nesse novo mundo. Os debates que deveriam ser técnicos se tornam cada vez mais intensos, viscerais e mais rasos”. 

O professor Israel afirmou que, com a reforma do Ensino Médio, houve uma ampla abertura para que instituições como a ANEC participassem mais ativamente do debate público. “Nós não sabemos se esse modelo de abertura vai permanecer e por quanto tempo ele irá permanecer, mas acredito que nós temos que aproveitar esse momento para apresentar as nossas demandas e para se articular com o Congresso Nacional”, afirmou. O professor também aponta que a votação do Novo Ensino Médio deve passar pelo Congresso de forma equilibrada e sem muitas surpresas. 

Também se fizeram presentes no encontro o deputado federal Odair Cunha e o professor e doutor Matheus Martins, que falou brevemente sobre inclusão e sua participação ativa em defesa desta pauta.

Premiação

Na ocasião, o deputado Reginaldo Lopes e o ex-deputado e professor Israel Batista receberam, da ANEC, como menção honrosa, o Prêmio do Mérito Educacional Católico, em reconhecimento pela relevante atuação em prol do Pacto Educativo Global em nosso país. 

Atuação da ANEC perante as associadas

A manhã foi concluída com a apresentação de dados significativos pela equipe da ANEC Nacional, destacando os impactos resultantes da atuação da Associação. Foram abordados os resultados em apoio a pautas e articulações políticas, as formações proporcionadas às associadas, a produção de documentos técnicos e outros dados relevantes.

No segundo momento do evento, reitores e presidentes de mantenedoras reuniram-se em fóruns específicos abordando temas relacionados a cada segmento.

Fórum de reitores

José Maria del Corral, Diretor Mundial da Fundação Scholas Occurrentes, apresentou para os reitores e gestores presentes a história da Universidade do Sentido, uma universidade pública, gratuita, global, intergeracional, inter-religiosa e multicultural com sede formal na Cidade do Vaticano e administrada pelo Movimento Educacional Internacional Scholas Occurrentes. “Esta universidade é um lugar para fortalecer e complementar o trabalho atual das universidades, e também para pensar na formação de trajetos interculturais, inter religiosos e inter geracionais, pois existe uma diversidade de culturas dentro de sala, visto que trabalhamos com pessoas mais velhas e jovens na mesma aula”, afirmou o professor. 

A Universidade LaSalle, em Canoas (RS), foi a primeira instituição brasileira a se tornar uma micro-sede do projeto no Brasil. “Hoje, temos trabalhado com projetos sociais com universidade e da fundação La Salle. Nós credenciamos iniciativas de extensão que nós já tínhamos e que os nossos alunos já trabalhavam, como abrigo para mulheres que sofrem com perseguição, formação de catadores de recicláveis e outros”, comentou Ir. Cledes Casagrande, reitor da UniLaSalle. “Em síntese, não foi necessário criar nada de novo, nós apenas organizamos aquilo que nós já realizávamos para que tivesse consonância com o projeto”.  

Ainda no período da tarde, foram apresentados os dados do último censo da Educação Superior e um panorama sobre o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Ulysses Teixeira, Diretor de Avaliação da Educação Superior do Inep, apontou que, de acordo com o último censo, o Brasil oferta mais de 4 milhões de vagas em cursos de licenciatura, mas apenas 15% delas são preenchidas pelos alunos. “E, desses que ingressam, apenas 47% concluem o curso e não são todos que se tornam professores da Educação Básica”, afirmou. “Nós fizemos um levantamento, por exemplo, que mostra que, daqueles concluintes dos cursos de licenciatura que foram avaliados pelo Enade de 2017, apenas 95 mil apareciam no Censo da Educação Superior 2022 como professores da Educação básica. Só que desses 95 mil, mais ou menos 45 mil já eram docentes na época da graduação, então foram somados apenas 40 mil novos professores nos últimos cinco anos”. 


Ulysses também acrescentou que, dentro do conceito Enade, as instituições privadas sem fins lucrativos estão dentro da curva esperada. “Existe uma concentração maior de cursos na faixa três, que é o desempenho próximo da média. Logo, o comportamento está próximo do esperado”, afirmou. “Os indicadores são calculados de maneira padronizada, em que o desempenho é comparado com os demais cursos da área. Então, é esperado que a distribuição siga uma curva normal.” 

É preciso aperfeiçoar os instrumentos e indicadores de resultados para avaliar os cursos e as instituições de ensino, defendeu o especialista do Inep. “Eu acredito que nós devemos trazer outros tipos de indicadores de resultados. Por exemplo, além do desempenho, nós poderíamos traçar um acompanhamento dos egressos, entradas em pós-graduação, impacto socioeconômico das instituições na sociedade, condições de oferta e outros”, comentou. “E outra possibilidade seria apresentar esses resultados de uma maneira que permitisse uma comparação de dimensão com dimensão, em que o usuário possa escolher a instituição com o que é melhor para ele de acordo com as suas necessidades como, por exemplo, se a universidade foca em pesquisa ou em cursos de extensão”. 

Por fim, Ulysses afirmou que, a partir de 2024, as licenciaturas serão avaliadas pelo Enade anualmente. “Nós formamos uma comissão com professores que já trabalharam em comissões do Enade em anos anteriores e que eram especialistas em ensino da área. Eles fizeram uma proposta de matriz de competências docentes gerais e uma estrutura para a matriz das competências específicas de docência da área. O objetivo, então, é que a gente tenha uma matriz de referência mais estável e padronizada para todas as licenciaturas”, afirmou. “A ideia é que a prova do Enade tenha um resultado melhor para a pergunta do tipo ‘será que esse curso está formando bons professores?’”, finalizou Ulysses. Além da prova teórica, a intenção é que os estágios supervisionados também sejam avaliados. 

Fórum de presidentes das mantenedoras

Já os presidentes e representantes das mantenedoras tiveram a oportunidade de conhecer, com exclusividade, a primeira etapa da pesquisa Contribuição da Educação Católica na Sociedade Brasileira, com dados apresentados por Pedro Mello, pesquisador da área da Filantropia da empresa AVRI. 

Na ocasião, Ir. Marli Araújo e Fabiana Deflon, presidente e gerente da Câmara de Mantenedoras, respectivamente, sensibilizaram os presentes quanto à importância de as instituições enviarem os dados atualizados para a ANEC para que as informações possam subsidiar a pesquisa de forma fidedigna. 

Para que a pesquisa esteja completa, destaca o pesquisador Pedro, é fundamental que as mantenedoras possam compartilhar o balanço contábil e o relatório de atividade dos últimos três anos das mantenedoras com a ANEC. “Assim, será possível mostrarmos o valor não só da educação, mas perante as áreas de assistência e saúde também”, reforça Pedro, complementando que uma pesquisa de opinião com os diversos públicos, como colaboradores e estudantes, será o próximo passo a ser desenvolvido por meio de um fórum específico. 

“O foco da pesquisa é entendermos e darmos visibilidade à importante entrega que a educação católica faz à sociedade, por meio de uma pesquisa robusta para mostrar que entregamos muito mais do que prometemos entregar”, reforça Ir. Marli, destacando a importância de as mantenedoras se envolverem nesse movimento de envio dos dados, que é um processo totalmente sigiloso e que respeita a proteção de dados e confidencialidade. A presidente da Câmara aproveitou o momento para solicitar às instituições a gravação e o envio para a ANEC de vídeos de pessoas que tenham se beneficiado das bolsas filantrópicas  fazendo com que haja o registro das tantas histórias significativas proporcionadas pelas associadas e que os impactos positivos possam se tornar públicos à sociedade. 

“O propósito, com essa pesquisa em mãos, é levar o impacto da educação católica, principalmente no que tange à filantropia, aos órgãos públicos reguladores da educação”, destaca Fabiana Deflon. 

Ao longo da tarde, presidentes e representantes das mantenedoras dialogaram sobre a pesquisa apresentada, se compremetendo a participar ativamente da construção da pesquisa, dada a importância e o cenário político para construção de políticas públicas equitativas, partilharam boas práticas e traçaram temáticas a serem desenvolvidas no próximo ano, fazendo um pacto coletivo em prol da filantropia. 

Uma Celebração Eucarística, presidida por Dom Denilson Geraldo, Bispo Auxiliar de Brasília e concelebrada por Dom Francisco Agamenilton e Dom Júlio Endi Akamine, arcebispo de Sorocaba, marcou o encerramento do Encontro Presencial dos Fóruns de Reitores e Presidentes de Mantenedoras, fortalecendo o compromisso coletivo em prol da educação católica. Em sua homilia, Dom Denilson sintetizou o trabalho realizado ao longo do dia como uma união de esforços para que as instituições educacionais católicas, que ajudaram na formação da nação brasileira, tenham perenidade e usufruam do direito de continuar a formação integral da pessoa humana a partir dos valores de Jesus Cristo.

O registro completo do evento pode ser conferido neste álbum de fotos da ANEC.


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