A escola católica é, por natureza, um espaço diferenciado para o discernimento vocacional. A BNCC dá um impulso pedagógico a este trabalho com a competência “Projeto de vida”. A Pastoral escolar é um meio para catalisar o processo de escuta interior nos jovens estudantes.
Agosto, no Brasil, é o mês vocacional. Nas missas dominicais, cada domingo recorda uma vocação específica. E a voz do vento e tempo, chamando sem cessar, continua nos recordando: “a decisão é tua!”. Mas será que no mundo complexo e digitalizado em que vivemos, tomar essa decisão é algo simples e claro como parece ter sido noutros tempos? Qual o papel das escolas e universidades católicas nesse processo de descoberta do próprio caminho?
Escola católica: espaço aberto para o discernimento
Escolas e Universidades sempre foram espaços privilegiados para a animação vocacional, especialmente porque nelas as pessoas vivem o momento da juventude em que amadurecem seus sonhos e projetos pessoais. Nesse processo individual de auto descoberta, são imprescindíveis os conhecimentos que compartilham e as experiências que vivenciam no ambiente escolar. Na educação católica, este processo é incrementado pela dimensão pastoral-evangelizadora que, aliada ao percurso formativo para o Projeto de Vida, descortina o mistério da vocação humana numa perspectiva espiritual, transcendente e também eclesial.
BNCC, Projeto de Vida e discernimento vocacional
Evangelizar na escola e universidade significa mesclar duas linguagens: a da evangelização e a da pedagogia. Podemos pensar o discernimento vocacional neste cruzamento, especialmente a partir da BNCC que traz como uma de suas competências o “Projeto de Vida”. Em geral, as abordagens em torno desta competência giram em torno da questão profissional. Em chave evangelizadora, sabe-se que não apenas a realização profissional é suficiente para a realização humana. Aqui a Igreja pode contribuir muitíssimo, já que tem longa tradição no discernimento vocacional. É importante, no entanto, perceber no processo de autoconhecimento e construção do Projeto de Vida o chamado de Deus – a vocação – que está oculta em toda busca de plenitude e realização humana.
Discernimento vocacional e pacto educativo global
No Pacto Educativo Global que todas as instituições educacionais católicas estão chamadas a fazer, a centralidade da pessoa ecoa o discernimento vocacional na medida em que entendemos que a educação não é apenas formação científica, mas formação que integra os saberes das mãos, da mente e do coração. Esta integração ganha mais sentido quando pensamos que cada pessoa humana é vocacionada, ou seja, chamada por Deus para realizar o seu projeto no mundo assumindo um projeto pessoal em que sinta-se realizado e que, ao mesmo tempo, possa contribuir para o crescimento da humanidade.
Em 2021: “Cristo nos salva e nos envia”
O tema do mês vocacional em 2021 escolhido pela Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB foi “Cristo nos salva e nos envia” e o lema, “Quem escuta a minha palavra possui a vida eterna” (cf. Jo 5,24). Esta temática nos remete à centralidade de Cristo no processo vocacional. Todo batizado é um vocacionado porque foi salvo pelo Cristo Senhor e nosso engajamento em uma vocação específica não é para nosso deleite pessoal, mas é uma resposta a essa salvação gratuitamente oferecida a nós. Na escola, podemos auxiliar os estudantes a aprender a escutar o chamado – algo que não é tão simples no meio de tantas “vozes”. Essa escuta aumenta a inquietação, é verdade, mas tem um forte poder direcionador: entender-se chamado é encontrar um horizonte de sentido para a vida no meio do “deserto espiritual” em que vivemos.
Pistas para um trabalho vocacional diferenciado na escola/ universidade católica
Para auxiliar as escolas a vivenciarem o mês vocacional a ANEC compartilha cinco pistas reflexivas para organizar o trabalho pastoral:
Materiais
Subsídio “Hora vocacional” com rodas de conversa, momentos de oração etc
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