Em coletiva de imprensa a pasta estabeleceu que a partir de 2024, o exame terá questões discursivas e, no segundo dia de exame, o estudante poderá escolher a prova relativa a uma área específica, de acordo com sua formação

O Ministério da Educação (MEC) estabeleceu na última quinta-feira (17/3) que o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) terá, a partir de 2024, questões discursivas e não somente perguntas de múltipla escolha. Além disso, no segundo dia de exame, o estudante poderá escolher a prova relativa a uma área específica, de acordo com sua formação. Um parecer com recomendações para o novo formato do exame foi aprovado por unanimidade pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e leva em conta a reforma do ensino médio, sancionada em 2017. 

“O ensino médio mudou e o Enem também precisa se atualizar para contemplar as diretrizes propostas pela reforma. Nossos estudantes estão experimentando uma oferta educacional mais contextualizada de modo a acompanhar as transformações tecnológicas e as demandas atuais do mundo do trabalho. A inovação desse projeto está sobretudo na possibilidade de respeitar as diferentes aptidões dos alunos e conciliar essas características com as necessidades produtivas e sociais do país”, defendeu o Ministro de Estado da Educação, Milton Ribeiro, em coletiva de imprensa do MEC, na tarde de 17 de março. 

O evento que instituiu o Novo Enem, também recebeu o Secretário Executivo do Ministério da Educação, Victor Godoy; o Secretário de Educação Básica do MEC, Mauro Rabelo; o Secretário de Educação Profissional e Tecnológica do MEC, Tomás Sant’Ana; o Secretário de Educação Superior do MEC, Wagner Vilas Boas e o Presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Danilo Dupas. 

Mudanças

A medida orienta que o primeiro dia do exame no Novo Enem seja composto por questões interdisciplinares sobre as quatro áreas do conhecimento: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, e Ciências Humanas e Sociais. Estabelecida pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como conteúdo obrigatório, a Língua Inglesa poderá ser avaliada nessa parte da prova como parte de Linguagens. A prova de redação também será feita neste dia.

Já no segundo dia de provas do Enem, os estudantes deverão escolher entre quatro tipos de prova que tenham relação com o itinerário formativo feito na escola. As opções de provas propostas são: Linguagens, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; Matemática, Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Matemática, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; e Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. “Nesta etapa serão observados os eixos estruturantes dos itinerários: investigação científica, processos criativos, mediação e intervenção sociocultural, empreendedorismo”, salienta o Secretário de Educação Básica do MEC.

Vale pontuar que os itinerários formativos representam uma das maiores novidades propostas pelo Novo Ensino Médio. “Trata-se de um conjunto de unidades curriculares, com foco nas áreas de conhecimento e na formação técnica e profissional, ofertadas conforme a necessidade e interesse dos estudantes. Optativos, escolhidos de acordo com a vontade do estudante e da oferta da instituição, passarão a ser obrigatórios em 2023. Dessa forma, o candidato fará o exame de acordo com o itinerário selecionado na escola”, explica Rabelo.

Agora, caberá ao Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) construir as matrizes de referência das duas etapas da prova. É a partir das matrizes de conhecimentos que as questões da prova são elaboradas. Com a reforma do ensino médio, os chamados itinerários formativos foram divididos em cinco áreas: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e ensino técnico. 

O Enem é a principal porta de entrada para o ensino superior, e o exame é aplicado no país desde 2009. Atualmente, a prova toda, com exceção da redação, é elaborada e corrigida com base em um modelo matemático chamado TRI (Teoria de Resposta ao Item) que garante, por exemplo, a comparabilidade de dificuldade das provas. Com a mudança, a adoção da TRI na segunda etapa da prova ainda não está definida porque depende das matrizes que serão desenvolvidas.

Novo ensino médio

O Novo Ensino Médio, aprovado na Lei n° 13.415/2017 que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, passa a valer a partir de 2022 e apresenta mudanças relacionadas com o Novo Enem. Assim como no modelo aplicado no Exame Nacional do Ensino Médio, as disciplinas na escola passarão a ser áreas do conhecimento: Linguagens e suas tecnologias; Matemática e suas tecnologias; Ciências da natureza e suas tecnologias; Ciências humanas e sociais aplicadas. Além disso, ano letivo maior, novo currículo e formação técnica são algumas das alterações que tanto escolas públicas quanto privadas terão que adotar. 

Como o novo ensino médio passa a ser ofertado a partir deste ano, em 2024 haverá, em tese, a primeira geração que cursou toda a etapa no atual formato.