De 27 a 29 de fevereiro, a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC), realizou um curso sobre Identidade Confessional para Diretores de Escolas Católicas visando a formação teórica para os gestores. A iniciativa foi promovida por meio do PastoLAb (Laboratório de Pastoralidade), programa da ANEC que visa a formação continuada dos coordenadores e agentes de Pastoral das instituições educacionais católicas do Brasil. A formação completa contou com três dias de aulas on-line, ministradas por Gregory Rial, Coordenador de Animação Pastoral da ANEC, e Roberta Guedes, Gerente da Câmara de Educação Básica da ANEC.
O conceito de identidade confessional
Consagrando-se como um dos tópicos centrais apresentados no curso, o conceito de identidade confessional refere-se a um conjunto de características, marcas, expressões, elementos estéticos e opções institucionais que comunicam, direta e indiretamente, que uma instituição segue uma confissão religiosa e permitem identificá-la como tal.
Na identidade confessional católica, existe uma série de princípios universais compartilhados, que giram em torno da essência dos valores cristãos, são eles: o fato da educação ser um direito universal, e um dever assumido pela sociedade e pela família; a concepção cristã de realidade, colocando Cristo no centro de todas as coisas; a concepção cristã de pessoa humana enquanto um ser espiritual que necessita ser formado; a concepção de educação cristã, por meio da qual o ato de educar é formar todas as dimensões da pessoa e, por fim, a concepção cristã de sociedade, em que as pessoas devem agir coletivamente sempre em prol de um bem comum.
Em relação ao papel do gestor educacional, nesste contexto, este deve estabelecer uma relação com sua espiritualidade, priorizando a transmissão de valores cristãos por meio de atos, como: adesão e respeito aos valores da fé, guardar zelar e promover a identidade, ver o humano em sua totalidade, defender a vida, sobretudo dos mais pobres, dar testemunho de bondade e humanidade, além de respeitar e conhecer o que diz a Santa Igreja a respeito da Educação.
“Na liderança confessional servidora, é importante que haja a consciência de que o foco está no ato de servir à comunidade escolar, não apenas exercer autoridade. Desta forma, espera-se que o líder priorize o bem-estar e o desenvolvimento de todos os envolvidos no processo educacional”, enfatiza Gregory Rial, Coordenador de Animação Pastoral da ANEC.
“Outros dois aspectos que também são de grande relevância em meio à liderança confessional servidora são: a capacidade de inspirar e a valorização e promoção da vida. Este líder deve buscar inspirar os membros da comunidade, auxiliando-os para que estes consigam atingir seu máximo potencial, motivando-os com visão e valores interligados aos princípios da fé e do serviço cristão, além de reconhecer e promover o valor intrínseco de cada vida, defendendo a dignidade e os direitos de todos os membros da comunidade escolar”, complementa.
Os elementos da identidade confessional na escola católica
Para o coordenador, antes de aprofundar os estudos nos elementos da identidade confessional, é fundamental ter em mente a missão e propósito da educação católica. “Nós acreditamos que o nosso trabalho dentro da escola é um trabalho de educação evangelizadora. O conceito de educar evangelizando e evangelizar educando sintetiza a missão da Igreja Católica e representa nosso propósito de ter como diferencial a preocupação com a formação do caráter, intelecto, afeto e consciência de tal maneira que possibilite a criança sair de lá totalmente formada”, explica.
A profa. Roberta Guedes complementa, citando os elementos da identidade confessional. “A identidade dessa escola, que está alicerçada nesse conceito maior de evangelização, pode ser percebida nos elementos históricos, pedagógicos, pastorais e administrativos. Logo, é de extrema importância compreendê-los a fim de analisar se estes elementos estão alinhados com a identidade confessional da escola”, afirma a Gerente da Câmara de Educação Básica.
Ao considerar os elementos históricos da identidade confessional, é válido destacar a chegada da educação católica ao Brasil, que coincide com o começo da colonização portuguesa e a chegada das congregações religiosas, que ocorreram a partir do século XIX, com grande fluxo nas primeiras décadas do século XX. Agora, ao abordar os elementos pedagógicos, estes envolvem um projeto-pedagógico-pastoral estruturado, a elaboração de um currículo evangelizador, a aplicação do ensino religioso e uma atuação e formação dos educadores a fim de estimular os alunos na direção dos valores da pastoral, além de incentivá-los a desenvolver o pensamento crítico e a autonomia.
Os elementos pastorais da identidade confessional, por sua vez, englobam um projeto de evangelização sistematizado e um perfil de egresso desenhado a partir da evangelização. Enquanto os elementos administrativos englobam a transparência administrativa, o zelo com a infraestrutura, a responsabilidade social, a qualidade do ambiente de trabalho e o compromisso com a Casa Comum.
Uma vez apresentado o conceito de educação evangelizadora e o conjunto de elementos que compõem a identidade confessional, é possível que haja um questionamento acerca de quem seria o responsável pela evangelização dentro de uma escola católica. A respeito deste, Roberta destaca que o papel está nas mãos de todos os envolvidos no processo educacional. “Quando consideramos uma escola pastoral, estamos falando de um ambiente no qual todos se sentem evangelizadores, além disso, o currículo é pensado para humanizar, existe a superação da disciplina punitivistas, entre outros fatores”, argumenta.
Especificidades da gestão de uma escola católica
Entre os principais desafios da gestão de uma escola católica, temos: perenidade e mantença financeira, concorrência desleal, marketing e captação, expectativas das famílias e diálogo com a igreja local. Logo, a fim de contribuir para a melhoria destes aspectos, Roberta Guedes aponta características a serem desenvolvidas a fim de tornar-se um gestor educacional assertivo.
“As competências criativas englobam desde networking até experimentação, observação, entre outras habilidades. Competências técnicas, que se referem a organização, proatividade, prudência e liderança. Competências relacionais que abrangem escuta, assertividade, consciência social, flexibilidade e responsabilidade. E, por fim, mas não menos importantes, as competências espirituais, que envolvem confiança, justiça, caridade, entre outros”, explica a professsora.
“Priorizar uma gestão humanizada de pessoas, que estabeleça um equilíbrio entre a parte espiritual e organizacional é o caminho para que possamos construir dentro do ambiente escolar, uma verdadeira comunidade cuja rotina seja regada a bons ensinamentos, prosperidade, caridade e evolução individual e coletiva”, finaliza Gregory Rial.
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