A partir de análises mercadológicas e eclesiais, especialistas traçam panorama do ensino brasileiro
A primeira manhã do Fórum Nacional da Educação Católica, realizado pela Associação Nacional de Educação Católica do Brasil – ANEC, entre os dias 14 e 15 de junho, foi marcada pela apresentação de diagnósticos multidimensionais e desafios relacionados à educação e gestão educacional. Abordando aspectos de mercado e eclesiais da educação básica e do ensino superior, especialistas expuseram análises e projeções para o setor.
O mote do evento, ”Fazer novas todas as coisas: inovar para florescer”, embasou a abertura do encontro, realizada pelo Padre João Batista, Diretor-Presidente e Presidente da Câmara de Ensino Superior da ANEC. “Foram mais de dois anos de tempos difíceis, medo e muitas perdas. Contudo, também foram tempos de muita colaboração, superação e aprendizagem. Nós, da ANEC, defendemos que essa busca contínua pelo desenvolvimento deve ser mantida e motivada, porque os desafios e as consequências deixados pela pandemia irão nos acompanhar durante um tempo. Os desafios são espaços férteis para o florescimento e nós precisamos inovar para florescer”.
Além do Padre João, a cerimônia de abertura contou com a participação do Frei Mário José Knapik, Presidente do Setor de Animação Pastoral, da Irmã Marli Araújo da Silva, membro da Câmara de Mantenedoras, e da Irmã Iraní Rupolo, Presidente do Conselho Superior da ANEC. Iraní abriu as discussões trazendo uma reflexão em consonância com o lema da Campanha da Fraternidade de 2022, ”Fala com sabedoria, ensina com amor”. “Nos últimos anos, vivemos uma realidade desafiadora e única. E, assim como falou o Papa Francisco, há momentos em que é indispensável tomar decisões. Por meio do Fórum Nacional da Educação Católica, estamos chamando as instituições de ensino católicas para uma grande decisão de trabalhar em conjunto: educando, acolhendo e compartilhando a nossa missão de ensinar com sabedoria e amor”.
Mercado
Ronaldo Casagrande, conferencista, palestrante, consultor e especialista em Educação e Gestão, defende que as escolas precisam se mostrar para além da instituição. “No mundo de hoje, a educação se insere no mercado capitalista e é diretamente impactada por essa realidade. Assim, como gestor educacional, é necessário estar, constantemente, pensando estrategicamente e observando os movimentos que acontecem fora dos muros da escola”.
Ele argumenta que o processo de consolidação do setor educacional como mercado está em estágio avançado no nível superior e caminhando a passos largos no que tange à educação básica. “Para acompanhar esse movimento, nós precisamos trabalhar a partir do grande diferencial das instituições de ensino católicas: a partilha de valores, característica prezada pelas famílias dos nossos estudantes. E, por isso, nós precisamos promover a profissionalização da gestão educacional de modo a unificar as frentes: administrativa-financeira, pessoas, jurídica, estratégica, pedagógica, e de comunicação e marketing. Isso se dá também por meio da sinergia que a atuação em rede permite, do aproveitamento das vantagens coletivas e da inovação, que vai muito além da implementação de recursos tecnológicos”, pontua Ronaldo.
Eclesial
Frei João Ferreira, mestre em Teologia Bíblica e reitor do Instituto Santo Tomás de Aquino (MG), refletindo sobre os desafios eclesiásticos das instituições de ensino católicas, explica que essas entidades precisam considerar as relações existentes entre igreja, sociedade e educação. “Nós vivemos um enorme movimento de renovação e essa transformação produziu um cenário em que posturas são frontalmente colocadas em oposição, apontando para caminhos eclesiais muito diferentes. Isso deságua em um movimento de desvalorização da fé no debate público. Na educação básica, é comum que essa crise eclesial bata à nossa porta com a exigência de que sejamos uma espécie de cultivadores de fundamentalismos morais e ideias que muitas vezes partem de um debate político e, não necessariamente, da religião. No ensino superior, paradoxalmente, há uma espécie de apatia ou esquecimento da nossa memória confessional e de nossas entidades. Em meio a isso, não devemos simplesmente nos alinhar à prática do mercado; devemos reforçar o nosso principal diferencial, os valores, e recuperar as nossas identidades como escolas de fé e da esperança no ensino católico”.
O Fórum
Com o objetivo de discutir as tendências e as projeções para a Educação Católica no país, a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil – ANEC realiza o Fórum Nacional da Educação Católica e a Assembleia Geral Ordinária. Com o tema ‘Fazer novas todas as coisas: tendências e projeções para a Educação Católica’, o encontro reúne mais de 450 participantes, entre profissionais que atuam nas instituições de educação católica do país.
Além de palestras, workshops e rodas de conversa, o Fórum conta ainda com a feira ExpoAnec, que tem a participação de diversos players do mercado educacional, apresentando as novidades e as tendências do segmento. Mais informações: https://anec.org.br/eventos/forum-nacional-da-educacao-catolica-e-assembleia-geral-ordinaria/#programacao
A ANEC
A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) tem como missão articular, congregar e representar as Instituições Católicas de Educação do Brasil, assim como promover uma educação cristã evangélico-libertadora, entendida como aquela que visa à formação integral da pessoa humana, sujeito e agente de construção de uma sociedade justa, fraterna, solidária e pacífica, segundo o Evangelho e o ensinamento social da Igreja. Além disso, proclamar a liberdade de ensino consagrada na Declaração Universal dos Direitos Humanos, na Constituição da República Federativa do Brasil e nos ensinamentos do magistério eclesial. Promover ainda a pesquisa científica, a extensão social e o desenvolvimento cultural a serviço da vida.
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