Os desafios para a atuação da assistência social no contexto educacional brasileiro foram debatidos na manhã desta quarta-feira (25), em seminário virtual realizado pelo Conselho da Associação Nacional de Educação Católica de Minas Gerais por meio do Grupo de Trabalho de Assistentes Sociais. Mediado pelas assistentes sociais Cristiane Michette, Maria José Brant e Eliane Vieira, o encontro virtual reuniu mais de 160 pessoas, diretores, entre gestores, assistentes sociais, professores e religiosos de diversos estados brasileiros.
Convidada para falar sobre os “Fundamentos para Atuação do Assistente Social na Educação”, a professora, doutora e mestre em Serviço Social, Suênya Tatiane, destacou a importância da assistência social para o acolhimento das necessidades trazidas para o ambiente educacional por alunos que vivenciam contextos familiares de vulnerabilidade social, que segundo a especialista, cresceu bastante nos últimos dois anos, em decorrência da pandemia da Covid-19. “A educação organizada como forma de política pública se constitui em uma das práticas sociais mais importantes para a transformação social brasileira”, afirmou a especialista.
Suênya Tatiane fez um breve resumo sobre a história da assistência social no Brasil, que teve grandes avanços na década de 90, com a aprovação do marco regulatório de atuação do segmento no país. “Desde a década de 90 o serviço social começou com um amadurecimento profissional importante que visa a transformação social e nos coloca como sujeitos possíveis dessa transformação. Temos que dialogar com os setores, para que possamos minimamente alcançar nossos objetivos que são: a defesa intransigente dos direitos humanos, a garantia de acesso à educação e a desburocratização das instituições que atuam com as políticas públicas sociais no país”, destacou.
Para Dayse Araujo Dutra, a missão da assistência social no contexto educacional vai além do acolhimento de alunos em situação de vulnerabilidade. Dayse lembra que embora as instituições educacionais católicas atuem no segmento de educação privada, elas possuem amplos programas sociais, com a oferta de bolsas para alunos de baixa renda.
“Temos criado um contexto de atendimento para que possamos auxiliar na superação de situações como fome, pobreza, desemprego, vulnerabilidades emocionais e socioemocionais, violência em família, necessidade de acolhimento das diferenças e questões sexuais, exclusão e discriminação por gênero, cor, sexo, crença e dificuldade de socialização, dentre outros contextos que nos são apresentados diariamente”, explica a assistente social.
Desigualdade social
Presente no debate o bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, Dom Vicente Ferreira, que é doutor em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), chamou atenção para o aumento da desigualdade social no país, que segundo o especialista, possui impacto direto na educação. “Temos que nos preocupar com a transformação social, com a dignidade para todos, não somente em doar coisas para emergências alimentares, por exemplo. Precisamos estar com o nosso corpo e pensamento nas periferias. Temos uma troca para fazer de conhecimento, mas temos que estar lá para aprendermos da realidade dessas pessoas, dos indígenas, dos quilombolas e da população LGBTQI+. Não podemos nos colocar sempre na posição de ensinar o outro, mas sim de aprendizado e troca de conhecimento”, alertou.
Psicanalista e escritor de várias obras, o bispo comentou ainda sobre temas relacionados ao meio ambiente e exclusão social. “Antes, no Brasil, tínhamos uma categoria de pessoas que ainda tinham chances. Hoje, temos os descartados que não tem perspectiva alguma. Por tanto, a crise não é mais social, ela é socioambiental. Não existe mais a possibilidade de tratarmos do ser humano sem falarmos das questões da terra e do planeta”, afirmou.
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