Na quarta-feira (6), a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) promoveu um encontro para discutir temas pertinentes sobre o papel da mulher no ambiente de trabalho e, principalmente, em cargos de liderança. O workshop “Liderança Feminina: oportunidades e diferenciais da gestão” está disponível no canal da ANEC no YouTube e reuniu convidadas que compartilharam um pouco de sua experiência profissional, vivência e obstáculos na rotina.
Intermediado pela profa. Fabiana Deflon, gerente da Câmara de Mantenedoras da ANEC, o workshop foi iniciado com a fala e a oração da Irmã Cláudia Chesini, membro do Conselho Superior da associação. “Quando nos aproximamos desse Dia Internacional da Mulher, nós queremos recordar que esta data não é apenas uma data para ser festejada, mas ela traz, em seu objetivo, na sua implantação e sua divulgação em todo o mundo, a perspectiva da luta e da resistência”, disse a Irmã.
Ela inicia o encontro falando sobre os três verbos intrínsecos à participação feminina na educação: ser, plantar e cuidar. “Somos chamadas a ser mediadoras entre o humano e o divino, a plantar sementes de vida e amor, e a cuidar das flores, da nossa casa comum e de nós mesmas”, afirma. “Junto com o Papa João Paulo II, rendemos graças por todas as mulheres, reconhecendo sua beleza e riqueza feminina, e rezamos por um mundo onde todas sejam respeitadas e valorizadas.”
O diálogo ainda contou com a participação de Roberta Guedes, gerente da Câmara de Educação Básica da ANEC, que apresentou as convidadas: a prof. dra. Ana Paula Gaspar Melim, coordenadora e professora titular do Curso de Pedagogia da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB); Irmã Vânia Duque Sobrinho, religiosa das Irmãs Batistinas, provincial e presidente da Congregação de São João Batista; e, por fim, a profa. dra. Karen Ambra, reitora do UNIFAI – Centro Universitário Assunção.
Fabiana Deflon iniciou as discussões, questionando às convidadas sobre como se deu o processo de empoderamento feminino para alcançarem os lugares que hoje ocupam, seus principais desafios. Em resposta, Karen afirma que, desde o início de seu trabalho como educadora, enxergava-se como uma líder, pois geria vidas, planejava trabalhos pedagógicos e os operacionalizava. “Para mim, liderança na sala de aula estava ligada a um compromisso imenso e carregado de responsabilidade”, afirma.
Segundo a convidada, ainda, à medida que o tempo passa, fica claro que o empoderamento não está tão relacionado à obtenção de poder, mas à emancipação, responsabilidade e tomada de decisões que impactam a própria vida e a daqueles com quem convive e pelos quais tem responsabilidade. “Não se trata de superioridade, mas sim de responsabilidade sobre si e sobre os outros. O empoderamento está ligado à construção da minha humanidade e à consciência da responsabilidade e compromisso que tenho como mulher e profissional nos diferentes espaços em que estive.”
Ana Paula complementa a resposta de Karen ao dizer o quão necessário é trazer a questão do empoderamento deste lugar, de constante constituição. “Todos os dias, temos oportunidade de aprender e fazer melhor, buscando esse conhecimento e saber fazer que são fundamentais na gestão e liderança, aprendendo e trocando experiências, como estamos fazendo neste espaço criado pela ANEC.”
“Essa trajetória e o empoderamento são uma constituição diária, cuidadosa e vigilante. Estamos sempre atentos a essa questão, olhando para o outro e para nós mesmos, pensando no empoderamento em vários contextos, como o de professora, coordenadora, mãe, amiga e mulher”, afirma. “É nesses diferentes lugares que o empoderamento se constitui e se constrói, uma realidade importante para todas as mulheres que reconhecem sua possibilidade e necessidade, apesar dos desafios que enfrentamos.”
Trazendo um pouco sobre a perspectiva religiosa, a Irmã Vânia falou sobre o tópico, dando destaque ao Concílio Vaticano II, convocado pelo Papa João XXIII, na década de sessenta. “Houve uma revolução na vida religiosa feminina”, afirma. “As religiosas deixaram os grandes conventos para habitar entre o povo, valorizando a individualidade, buscando realização pessoal e profissional, estabelecendo novas formas de oração e organizando as comunidades em pequenos grupos para facilitar a convivência fraterna e o trabalho pastoral. Esses avanços trouxeram uma maior proximidade com as pessoas, permitindo às religiosas ouvirem suas dores e esperanças, despertando-as para a luta pelos direitos, especialmente das mulheres, tanto no âmbito eclesial quanto na sociedade.”
Excelência profissional e autocuidado
A segunda pergunta foi sobre como as mulheres conseguem ocupar espaços de grande responsabilidade, enquanto se fazem presentes em outras diversas funções, sem deixar de lado o autocuidado. A Irmã Vânia começou respondendo que, tendo a educação como missão primordial, é preciso se manter atualizada, estudar e ler continuamente. “O cuidado com nossa vida profissional é crucial, mas também dedicamos tempo ao fortalecimento da espiritualidade e à organização das comunidades religiosas, garantindo uma convivência harmoniosa e fraterna entre as irmãs.”
Ela afirma que, além de fortalecer a espiritualidade, o autocuidado é essencial. “Reconhecemos a necessidade de cuidar de nós mesmas para além do trabalho e das obrigações religiosas. Embora as demandas sejam grandes e exijam dedicação ao outro, é crucial estar bem tanto física quanto emocionalmente para cuidar efetivamente do próximo.”
Ana Paula complementa a resposta da Irmã Vânia, dizendo não haver uma receita mágica ou segredo, mas sim uma busca contínua por espaços e tempos dedicados ao autocuidado, tanto profissional quanto pessoal. “Do ponto de vista pessoal, como mulheres, precisamos buscar uma agenda que inclua atividades físicas, momentos de reflexão e até mesmo caminhadas no parque. Além do autocuidado pessoal, que envolve cuidar da família e dos que estão próximos”, explica. “O olhar atento e a escuta sensível podem fazer toda a diferença, não necessariamente pela quantidade de tempo, mas sim pela qualidade.”
Karen conclui a reflexão falando sobre a importância da rede de apoio. “É mais sobre como dar conta, admitindo que sou imperfeita e me afastando da premissa equivocada de que mulheres como nós, ocupadas e com diversos papéis, como o de mãe — eu mesma tenho quatro filhos —, dão conta de tudo. Essa premissa é falaciosa e absurdamente equivocada”, destaca. “Para tentar equilibrar os pratos como malabarista de circo, conto com uma rede de apoio. E falando sobre tantas questões importantes para as mulheres, neste Dia Internacional da Mulher, é fundamental ressaltar a sororidade que existe e deveria existir.”
“No âmbito mais amplo, que se refere ao nosso convívio, cada uma com sua família e grupo social de amizades mais próximas, talvez seja um momento oportuno para falar sobre a sororidade como uma estratégia, uma oportunidade, uma realidade que, se ainda não está estabelecida, precisa ser fortalecida. Isso cabe a todas nós”, salienta.
Líderes inspiram líderes
Quando questionadas sobre as figuras femininas que as inspiram, Ana Paula destacou que sempre teve referências, desde criança, por meio de suas professoras. “Na instituição onde trabalho, aprendemos o valor da vida do outro e o lugar que ele ocupa”. Ela ainda destaca figuras famosas, como Tarsila do Amaral, Ruth Rocha, Cecília Meireles e Malala.
“No início, falamos sobre ser, plantar e cuidar, e hoje vivemos um tempo de muitas coisas novas, experiências e conhecimentos, mas não podemos esquecer do cuidado. Para nós, essa inspiração vem do cuidado”, afirma. Por fim, ela lembra da rede familiar, destacando sua mãe, avó, tias e sobrinha, pois acredita que pessoas da família também a inspiram a cuidar e ser cuidada.
A Irmã Vânia destaca duas mulheres que, ao longo de sua trajetória na Congregação, a inspiraram e continuam a inspirar até hoje: a mestra de no
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