No último dia 6, a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) e o Instituto Casa Grande realizaram uma live especial para discutir um tema urgente e necessário: a educação inclusiva. O evento, que contou com a participação de especialistas, educadores e gestores, trouxe reflexões sobre os desafios e as oportunidades de incluir todos os estudantes, respeitando suas singularidades e promovendo uma educação verdadeiramente humanizada.
O momento foi aberto com uma apresentação musical, que destacou a educação como uma casa feita de amor, sabedoria e diversidade. Em seguida, Luciana Duarte, gerente de relações institucionais do Instituto Casagrande, deu as boas-vindas aos participantes e reforçou a importância da parceria entre as duas instituições. “Comungamos do mesmo empenho pela educação no Brasil”, afirmou Luciana, destacando que o encontro foi uma oportunidade para apresentar um projeto inovador voltado para a educação inclusiva.
A diretora pedagógica do Instituto Casagrande e professora, Josemary Morastoni, ressaltou que a educação inclusiva é uma dor compartilhada por muitos educadores. “A formação inicial não nos preparou para lidar com a diversidade em sala de aula. Precisamos de apoio, suporte e clareza para enfrentar esses desafios”, disse. Ela lembrou que a inclusão não se limita a alunos com deficiência, mas abrange todas as diferenças que surgem no cotidiano escolar.
O presidente do Instituto Casa Grande, professor Renato Casagrande, trouxe uma reflexão poderosa sobre o papel da educação em um mundo cada vez mais tecnológico e individualista.
“Vivemos um momento complexo, em que a educação precisa resgatar a humanização. (…) A utopia de Paulo Freire nos ensina a lutar para antecipar aquele melhor. Aquele sonho, aquele mundo ideal, o mundo mais humano, o mundo mais solidário, uma valorização mais do ser sob o ter, um mundo mais colaborativo, mais empático, mais consciente e mais inclusivo”, afirmou.
Em contraponto a este modelo, ele ressalta o cenário atual, em que convivemos com uma sociedade vazia e adoecida por um “mundo que convida para o ter desprezando o ser”. Ele destacou que a educação é a arma mais poderosa para transformar o mundo, mas só será eficaz se estiver carregada de amor, compaixão e preparação.
Dados e a realidade da educação inclusiva
A professora Roberta Guedes, gerente da Câmara de Educação Básica da ANEC, apresentou dados importantes sobre a educação inclusiva nas escolas católicas. De acordo com uma pesquisa realizada em 2023, 99% das 1200 escolas católicas já realizam algum tipo de inclusão, atendendo alunos com deficiências e transtornos do espectro autista.
No entanto, os desafios são grandes: 71% das escolas de educação infantil atendem, no mínimo, 10 alunos com laudos médicos por sala. E esse número tem crescido de maneira exponencial, chegando de 11 a 30 alunos laudados por série. Já no ensino médio, há uma redução significativa na permanência desses estudantes.
“Diferente do aumento de atendimento que nós temos de alunos com laudos, seja na educação infantil ou no ensino fundamental, no ensino médio, temos tido uma redução da quantidade de estudantes atendidos devido aos desafios da permanência. Então, dependendo do tipo de inclusão realizado, o aluno não permanece na escola. E isso é muito sério”, destaca Roberta.
“70% das nossas instituições têm que trabalhar com adaptação curricular para os nossos estudantes. 61,4% está trabalhando com adaptações de materiais e equipamentos e a gente já chega a ter 30% das nossas instituições trabalhando com adaptações sensoriais. Pelos últimos dados, a média do investimento das escolas, por aluno, chega a ser R$ 2.000 mensais”, reafirma a gerente sobre o compromisso da educação católica com a inclusão.
Roberta também destacou que 77,7% dos educadores pedem por mais formação continuada, reforçando a importância do diálogo entre a comunidade escolar e programas, como o “Educação Inclusiva 360”.
“Vamos caminhar juntos, vamos aprender juntos, vamos usar essa oportunidade de formação para aprender como trabalhar com os nossos jovens, jovens e nossas crianças.(…) A gente acredita que nessa opção da formação continuada a gente dá passos e juntos e a ANEC vai continuar promovendo espaços de diálogo e de aprendizagem”, conclui Roberta.
Educação Inclusiva 360: uma solução para formação continuada
Um dos pontos altos da live foi a apresentação do projeto Educação Inclusiva 360, desenvolvido pelo Instituto Casa Grande em parceria com a ANEC. A iniciativa oferece mais de 600 horas de cursos em formato de aplicativo, abordando temas como autismo, altas habilidades, TDAH, adaptações curriculares e muito mais. A proposta é que os educadores possam escolher suas trilhas de conhecimento de acordo com suas necessidades, promovendo uma formação contínua e personalizada.
A pedagoga e neuropsicopedagoga Siana De Oliveira Franco Bueno, que participou da produção dos cursos, destacou a importância de unir teoria e prática. Ela destaca que não existe uma receita pronta para a inclusão, visto que cada aluno é único, e precisamos estar preparados para lidar com essas singularidades.
Durante a apresentação do Instituto Casagrande sobre o projeto, foi ressaltado que a inclusão é um processo que envolve toda a comunidade escolar, desde os professores até os funcionários. “É um conteúdo disponível na palma da mão, em formato de aplicativo (…) e todos da escola vão receber todos os cursos, de maneira que podem escolher uma trilha de conhecimento e seguir no seu próprio ritmo”, explica Fran, representante do Instituto.
Ao final do evento, a neuropsicopedagoga reforçou que a inclusão não é apenas uma política ou uma prática, mas uma atitude: “lembrando que a inclusão ela é um processo, é um sentimento e é uma atitude também”. Ela concluiu convidando a comunidade educacional a formar uma rede forte de educadores que estejam preparados para acolher e transformar vidas.
Assista à live, clicando aqui.
Para busca pelas associadas, utilize a ferramenta diretamente na página Associadas
Para as demais buscas no site, use palavras-chave que facilitem sua busca. Não é necessário utilizar conectivos, artigos ou conjunções. Ex: “seminário mantenedoras” em vez de “seminário de mantenedoras”