O Papa Francisco recebeu na tarde desta quinta-feira (23/05), na Aula Nova do Sínodo, os participantes do I “Encontro Internacional do Sentido”, na sua sessão de encerramento, organizado pela Scholas Occurrentes em colaboração com CAF – Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe, realizado no Vaticano entre os dias 21 e 23 de maio.
No encerramento do evento, os participantes apresentaram os resultados de seus trabalhos ao Papa Francisco. Respondendo a perguntas, o Bispo de Roma recordou, como já fez em outras ocasiões durante seu Pontificado, da sua avó e que com ela falava piemontês. “Minha primeira língua foi o piemontês. Depois aprendi o castelhano”, disse.
Em seguida, ao falar sobre o que uma pessoa que sofreu muito deveria fazer, o Pontífice convidou a manter o coração sempre aberto e alertou: “o pior que pode acontecer na vida é que a dor nos faz ficar fechados, é um pouco o gesto dos dentes, a dor te torna arisco”. Nesta linha, Francisco incentivou a “dar lugar ao carinho, a dor pede ser acariciada. A dor pede isso. Dar lugar à esperança”.
O irmão Paulo Fossati, lassalista de Porto Alegre, educador, também participou do encontro com o Papa. Ele visitou a Rádio Vaticano e conversou com Silvonei José
Falando sobre o pensamento do Papa disse que o mesmo se traduz em projetos para educação do Brasil e do mundo. Ele acrescentou que no encontro com o Santo Padre na clausura do “nosso congresso, Universidade do sentido” foi entregue o Documento Final, fruto do trabalho da semana. “O Santo Padre esteve conosco para colher as nossas propostas e principalmente a definição ou conceito desta “Universidade do sentido”.
Mas o que seria essa Universidade do sentido?. Quando nos encontramos com o Papa – respondeu o irmão Paolo – os jovens que estavam conosco tiveram oportunidade de fazer três perguntas para ele. E a primeira pergunta foi exatamente esta: “Papa, qual é o sentido da Universidade do sentido, o que ela significa?
O Papa então trouxe uma visão que é para recuperar a alma, dizia. “A Universidade do sentido precisa reencontrar o equilíbrio do ser humano, e quando ele dizia do equilíbrio – destacou o irmão – ele retomava aquele pensamento de uma universidade que não pode ser só cabeça, só intelecto; ou nem só coração, afeto, e nem apenas ação, mas o equilíbrio. Equilíbrio entre as ideias, equilíbrio entre o nosso sentir, acolher. Ele trouxe toda essa Pedagogia do Cuidado da acolhida, do encontro, e esse amor em gesto, esse amor que se dá na entrega, na doação, na solidariedade, no serviço. Então, quando nós tratamos Universidade do sentido, hoje, tem um “apriori” que diz que a humanidade perdeu muito o sentido da vida.
Perdeu o “prá que viver, prá que lutar, prá que acordar cada dia”. “E nós vemos como sintomas na educação superior, na educação básica, ou ao menos no Brasil, e eu tenho toda uma vida como educador e também gestor de Universidade, de escolas, nós sentimos o abandono”. O Brasil, hoje, falando para os brasileiros – continuou -, só no ano 2022 para ter uma ideia, no ensino médio, e nas séries finais da Educação Básica, abandonaram a escola 500 mil estudantes”. E aí a nossa preocupação, é uma geração que nós estamos perdendo. Qual é o futuro dessa geração? Quando eu tenho 500 mil jovens no ano que vão engrossar as fileiras do neném… não estuda, nem trabalha.
Por que esse abandono? Porque – destacou o irmão Paulo – a escola não encanta. “A escola tirou o brilho no olho”. A escola está com um currículo muito distante da realidade, das questões existenciais. Então, nós precisamos no Brasil, urgentemente, rever os currículos. Um currículo que seja mais inovador um currículo empreendedor”.
Falando sobre a situação no seu Rio Grande do Sul, o irmão lassalista disse que agora que as águas estão baixando é o momento da reconstrução: será um momento difícil triste e a mão vai ter que ser sujada por todos, não só porque quem está na lama. Irmão Paulo disse que nesta quinta-feira ele foi com a bandeira do Rio Grande do Sul ao encontro com o Santo Padre e pediu para o Papa abençoar a bandeira “e quando o Papa tocou na bandeira ele disse: ‘o povo do Rio Grande do Sul está sofrendo, sofrendo muito… Eu disse para o Papa que a solidariedade vai ajudar a cicatrizar um pouco mais rápido as feridas do Rio Grande do Sul. “Então nesse momento de muita dor o que, de fato, está segurando a turma de pé, é a solidariedade humana, é a esperança de que as pessoas de fato ainda são boas. As pessoas operam. Eu mesmo acompanhei muito, por Brasília. Em 2 dias conseguimos fazer uma resolução do Conselho Nacional para termos novos calendários no Rio Grande do Sul e, específico, para termos a aulas online para flexibilizar os locais de estágio. “Por que eu dizia dentro do MEC? Agora nós vamos ter que fazer estágio de baixo de lonas, em acampamentos. Onde nós tínhamos escolas, agora não temos mais escolas. Agora estamos no estágio de voltar para casa, ou voltar para onde era uma referência de casa, porque aí se perderam memórias, se perderam os bens físicos, onde ainda se tem uma referência de espaço geográfico. O convite é para solidariedade, para tirar a lama”.
Texto e Imagens: Vatican News
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