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Fórum de Reitores das IES Católicas debate desafios do Ensino Superior e a regulação da EaD

14/11/2024
Por  ANEC Comunicação

A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) realizou, nesta quarta-feira (13), o Encontro Presencial do Fórum de Reitores das Instituições de Ensino Superior (IES) Católicas. O evento contou com a presença de aproximadamente 50 participantes entre reitores e vice-reitores das IES Católicas. 

Ao fazer a abertura do Fórum, o diretor-presidente da ANEC, Padre João Batista, destacou os avanços da ANEC na representação das IES Católicas  e reforçou a importância do evento para debater os desafios da Educação Superior privada, confessional e católica. 

“Não devemos nos conformar com a educação que nós temos, seja presencial ou à distância. Temos que unir forças e fazer um trabalho coletivo para superar dificuldades presentes”, declarou o Padre João Batista. 

Um dos momentos marcantes para os reitores no Fórum foi a presença do secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Ricardo Hoepers. Na ocasião, o bispo destacou que as universidades católicas são como um “farol” para a Igreja do Brasil.

“Ser farol é mostrar o caminho para que se continue a navegar. Então, a educação, as instituições católicas são esse farol que aponta caminhos, que permite que o mundo continue a navegar por bons caminhos e qualificar os seus educandos, os seus colaboradores, como os verdadeiros navegadores de mares bravios sem medo. O nosso destino é Jesus Cristo, é a paz, é a justiça, é a solidariedade, é um mundo melhor”, declarou. 

Dom Ricardo Hoepers também enfatizou o papel da ANEC como “mediadora no espírito sinodal de escuta, participação, envolvimento e corresponsabilidade das instituições educacionais de nível superior”. “A ANEC nos dá essa força para mostrarmos que sim, é possível unidade e comunhão em torno da educação. Quero agradecer à ANEC pelo empenho, pelo trabalho. Aqui, eu testemunhei um verdadeiro Pentecostes”, declarou o secretário-geral da CNBB.

Na avaliação do vice-presidente da ANEC e reitor da UniCatólica do Rio Grande do Norte, Padre Charles Lamartine, o evento foi de um “valor imenso” por avaliar os desafios da Educação Superior. “Os desafios não se tornam menores, mas eu acredito que muitas mentes pensando, sobretudo, na nossa perspectiva de fé, no mesmo coração, no mesmo desejo da garantia e do valor da educação católica, por si só já é muito grande, já é algo magnânimo. Foi um momento de criar e construir agendas de esperança”, destacou o sacerdote. 

Para a Irmã Maria Aparecida Matias, diretora-geral da Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, e conselheira secretária da ANEC, o Fórum dos Reitores é um “espaço de fortalecimento entre as IES Católicas”. “Nos ajuda a nos fortalecermos como rede, para continuarmos a grande missão que é educar, transformando vidas, pessoas e realidades, além de reforçar o quanto nosso papel como igreja é importante na vida de uma sociedade”, disse. 

Revisão do Marco Regulatório da Educação à Distância

O primeiro painel foi sobre os “Desafios da Educação Superior Brasileira e uma visão geral dos cenários vindouros”. Na mediação, o Dr. Germano Rigacci, reitor da PUC Campinas, apontou que um dos principais desafios da educação superior é a desistência de muitos estudantes no meio do caminho do curso.

“Isso não é um bom sinal para o futuro da educação e não é só um problema do governo, mas também das universidades. A gente carece de jovens interessados em se tornar professor e, infelizmente, teremos um futuro perigoso de apagão de professores para educação básica”, disse Rigatti. 

O diretor de regulação da SERES/MEC, Daniel Aquino Ximenes, apresentou a revisão que o Ministério da Educação propõe no Marco Regulatório da Educação a Distância – EaD. De acordo com Ximenes, as mudanças se referem ao crescimento exponencial do EaD nos últimos 10 anos, o qual correspondeu a uma ausência do Estado e gerou um cenário descoordenado. 

Entre os pontos da regulação, o diretor da SERES citou o funcionamento dos polos de EaD com apoio acadêmico aos estudantes e o controle da frequência que deverá ser no mínimo de 75%. Ximenes também reforçou a importância dos momentos de “interação síncrona regulada” com a participação de, no máximo, 50 estudantes, para uma maior interação pedagógica. 

“É importante garantir a realização de tarefa formativa em tempo real, compartilhada entre estudantes e profissionais da educação conectados simultaneamente por áudio e vídeo”, disse. 

Ximenes ainda ressaltou que “o MEC disciplinará sobre a oferta dos cursos em cada formato e o credenciamento de instituições de educação superior à distância só será concedido para IES que tenham uma sede institucional física”.

Acerca das avaliações das instituições, o diretor explicou que serão realizadas in loco nos polos EaD, enquanto as avaliações de aprendizagem dos alunos deverão ser feitas a cada 10 semanas. 

Dados gerais da Educação Superior

O diretor de Avaliação da Educação Superior do INEP, Ulysses Teixeira, apresentou os dados gerais da Educação Superior no Brasil no período de 2013 a 2023. “Nos últimos 10 anos, houve um aumento significativo de cursos de graduação, saímos da oferta de 17.649 para 45.959 cursos. São ofertadas quase 25 milhões de vagas anuais para ingresso em cursos de graduação, mas apenas 24% das vagas são preenchidas”, explicou. 

Teixeira mencionou que uma das grandes dificuldades é a direção da expansão da educação superior em sintonia com o Plano Nacional de Educação (PNE), tendo em vista o baixo nível de ingresso dos estudantes do Ensino Médio em cursos de graduação.  

“Precisamos fazer um recrutamento de estudantes que concluem o ensino médio, mas não entram no ensino superior. É importante solucionar a dificuldade de acesso e de permanência de conclusão do curso”, declarou. 

Outra preocupação apontada pelo diretor do INEP é a adequação de formação de docentes, tendo em vista que em todas as etapas de ensino existem professores que ainda não concluíram o ensino superior. “Estamos perdendo estudantes na entrada, durante o curso e depois da conclusão, porque nem todos entram na carreira docente”, disse Teixeira. 

No final da manhã, ocorreu o debate sobre “Políticas educacionais e mercado educacional – possibilidades para as IES Católicas”, com a mediação da Dra. Carmen Luiza Silva, diretora da UNISALES. O tema foi conduzido pelo reitor da UCB e vice-presidente da ABED, Dr. Carlos Longo.

De acordo com o reitor da UCB, a educação superior precisa voltar a ser mais relevante, além de se “reinventar ao novo”. Ele citou alguns desafios a serem enfrentados pelas IES Católicas, como a equidade e acessibilidade, além da regulamentação do uso da Inteligência Artificial (IA), impacto na força de trabalho, pesquisa em andamento e novas habilidades. 

Carta do Fórum de Pastoralidade Universitária e argumentos da ANEC

Na programação da tarde, uma Carta de Intenções do Fórum Permanente de Pastoralidade Universitária foi apresentada pelo gestor pastoral do grupo UBEC, Joaquim Alberto Silva, aos reitores e reitoras das IES católicas. 

O documento apresenta alguns valores e compromissos para concretizar a missão das pastorais com base nas Diretrizes e Normas para as Universidades Católicas da CNBB. Na ocasião, os reitores elogiaram o trabalho e apontaram pontos de aperfeiçoamento para o documento, que deverá ser ajustado e apresentado posteriormente. 

O gerente da Câmara de  Ensino Superior da ANEC, Gregory Rial, reforçou a necessidade das pastorais universitárias darem contribuições na elaboração do documento e convidou os reitores a participarem do Seminário de Pastoralidade Universitária, que ocorrerá nos dias 27 e 28 de março de 2025, na PUC-Rio.

Em seguida, a ANEC, por meio do presidente do Conselho Superior, Pe. Sérgio Mariucci, do diretor-presidente, Pe. João Batista, do secretário-executivo, Guinartt Diniz, e do gerente Gregory Rial, apresentou argumentos sobre a qualidade da EaD. Segundo a associação, a qualidade depende da experiência do estudante na IES, que pressupõe maior relação do estudante com os docentes. 

Entre os itens elencados, a associação reforça, ainda, o espaço para atividades síncronas, a flexibilização do conceito de presencialidade, maior protagonismo docente, revisão da obrigatoriedade de pólos e a diversificação na metodologia de avaliação.

Também foi disponibilizada aos gestores uma breve apresentação do Censo da Educação Superior Católica 2023, que será divulgado oficialmente pela ANEC em breve. “Os dados desmistificam a questão de que a educação católica é elitizada”, destacou Gregory.

Confira todas as fotos do evento no nosso álbum ANEC. 


Remodal

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