Na manhã desta segunda-feira, 21/8, a ANEC participou do programa Revista Justiça Debate, da Rádio Justiça, para dialogar sobre o ensino digital na educação básica do país e os principais desafios para os estudantes e profissionais da educação.
Para tratar sobre o tema, a gerente da Câmara de Educação Básica, profa. Roberta Guedes, representou a ANEC durante o debate, que também contou com as contribuições do presidente da Conferência Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo, e do coordenador do curso de Psicologia do UniProjeção, Aldi Roldão.
A conversa teve como base as recentes decisões do governo de São Paulo em adotar materiais 100% digital nas escolas, abrindo mão do Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD), do Ministério da Educação, a partir de 2024. Além disso, a retomada no uso de material impresso pela Suécia, país que nos últimos 15 anos vinha substituindo o uso do papel por materiais digitais em salas de aula, agregou nas discussões a respeito das dificuldades do ensino digital nas escolas do Brasil.
A gerente comenta que a pandemia acelerou um processo de educação digital no Brasil, mas, ao mesmo tempo, apresentou um problema mais sério com o acesso da internet vivido por significativa parcela da população.
Para ela, ao digitalizar os materiais de aprendizado deve-se, primeiramente, levar outros fatores em consideração, como os recursos que os professores/as vão utilizar, garantindo a capacitação desses profissionais, além da disponibilização de um ambiente escolar adequado para os estudantes, e os materiais necessários para aprender e ter o acesso à internet.
Segundo o relatório de monitoramento global da educação da Unesco citado pela profa. Roberta, “A tecnologia na educação: uma ferramenta a serviço de quem?, apesar da tecnologia permitir o acesso aos materiais para alguns estudantes e acelerar alguns resultados de aprendizagem, a digitalização da educação apresenta riscos de beneficiar estudantes que já são privilegiados e marginalizar ainda mais outros, aumentando a desigualdade na aprendizagem. Além disso, o estudo ainda relata a escassez de provas sobre a eficiência dos meios digitais em sala de aula.
Para a gerente, livros e tablets são importantes, mas o grau de importância de cada um está em como eles serão utilizados pelos professores e alunos. “Temos que entender que eles são apenas meios para um processo de aprendizagem”, cita a profa. Roberta.
O presidente do CNTE defendeu que, ao pensar em implementações para o meio digital, é preciso levar em conta a dimensão continental e o cenário vivido em cada parte do país.
Segundo ele, dados levantados pelo relatório do Tribunal de Contas do estado de São Paulo, de novembro de 2022, apontam que, na capital mais rica do país, 87% dos alunos não possuem acesso a um tablet; cerca de 74 milhões de brasileiros com 18 anos ou mais não conseguiram concluir a educação básica; além disso, 57% das escolas públicas não possuem infraestrutura adequada para garantir o processo de aprendizagem eficiente.
Já o professor Aldir conta que é preciso entender que as tecnologias tratadas ainda são muito novas e requerem mais pesquisas para termos certezas. “Existem muitas dúvidas e considerações, mas as pesquisas feitas até agora indicam que, apesar da importância e relevância da tecnologia, o letramento e desenvolvimento das funções cognitivas superiores requerem a presencialidade e contato humano, além de meios físicos que permitam o desenvolvimento da concentração e da memória, e muitas das vezes, as telas não contribuem de modo adequado”, disse.
Ouça a entrevista completa acessando por meio deste link.
Texto com contribuições do CNTE
Para busca pelas associadas, utilize a ferramenta diretamente na página Associadas
Para as demais buscas no site, use palavras-chave que facilitem sua busca. Não é necessário utilizar conectivos, artigos ou conjunções. Ex: “seminário mantenedoras” em vez de “seminário de mantenedoras”