Em encontro realizado na PUC-Rio, os líderes das organizações fizeram uma série de apresentações para representantes de instituições católicas de ensino no dia 25 de agosto, no auditório do IAG. O objetivo dos debates foi discutir o futuro das avaliações educacionais. Dividida entre manhã e tarde, a roda de conversa foi composta por discussões sobre a avaliação da Educação Básica e Superior no Brasil.
Para iniciar o diálogo, o Reitor da PUC-Rio, Padre Anderson Antonio Pedroso, S.J., discursou sobre o ecossistema que faz a Universidade ser plural, com uma relação de parceria entre a instituição e os estudantes.
— Nosso campus é inspirador, é um ecossistema em que todos colaboram. A educação precisa ter união, e por isso a Universidade não pode ser uma bolha, precisa ser plural. É colaboração, porque é isso que a sociedade precisa, que a educação acompanhe seu percurso.
Em vista do Ensino Superior, a pesquisa do Diretor de Avaliação da Educação Superior, professor Ulysses Teixeira, expõe um obstáculo importante: 50% dos estudantes brasileiros não se formam no Ensino Superior. Segundo a análise, é interessante que a avaliação dos cursos seja feita por área do conhecimento e, no futuro, comparar os resultados com as ofertas do mercado de trabalho. Ao observar as razões mais comuns pelas quais o estudante egressa, entre as que se destacam estão a carência de assistência estudantil – quando não há auxílio para manter as despesas de alimentação e transporte do aluno – e a necessidade de ingressar mais rapidamente no mercado de trabalho.
— É importante que cada área do conhecimento seja avaliada de maneira individual. Dessa maneira, futuramente podemos analisar quais os cursos têm um índice de empregabilidade maior dentro do mercado de trabalho.
Em seguida, o presidente do Inep, professor Manuel Palacios, apresentou as necessidades do sistema educacional para que cada vez mais a evasão escolar diminua, e também como combater os desafios presentes na avaliação dos cursos. Ele reforçou que o fato de que o Enem deve ser trabalhado com mudanças graduais, e que é necessário incorporar instrumentos que estejam mais alinhados com as tecnologias atuais. Assim, ele mencionou os desafios da implementação e avaliação de competência digital na educação básica, e frisou que é fundamental a participação das instituições de ensino católicas neste processo, já que boa parte dos alunos que competem no concurso vêm destas escolas.
No que tange ao Ensino Superior, o professor Palacios revelou que uma das principais medidas a ser implantada é a relação entre os cursos escolhidos e a taxa de empregabilidade de cada área. Dessa maneira, seria possível ter noção das ofertas do mercado de trabalho e as possibilidades de carreira para os recém-graduados.
Depois de apresentados os desafios no processo de avaliação dos Ensinos Básico e Superior, o diretor-presidente da ANEC, Padre João Batista Gomes, comentou a importância do debate para as universidades católicas e como as instituições atuam como locais de integração.
— Criar esses espaços de debate é um dos aspectos mais importantes do sistema educacional, se informar sobre o processo de avaliação das instituições, estabelecer mudanças e melhorias. No contexto das universidades católicas, a integração é essencial. Elas se integram em sua comunidade, pensam em sua evolução. A faculdade tem grande fator de desenvolvimento não apenas para a sociedade que a cerca, mas para as comunidades no seu entorno, e, assim, se desenvolve um sentimento de pertencimento entre os estudantes.
Durante a palestra que abordou a Educação Básica, foi assinalado que experiências internacionais, como o SAT (Scholastic Aptitude Test), responsável pela entrada em universidades norte-americanas, podem ajudar a discutir esses desafios em relação à elaboração do ENEM. No caso do exame estadunidense, o foco se concentra em habilidades de leitura e resolução de problemas matemáticos, pois há um entendimento sobre a capacidade de ler e compreender um texto científico sem haver algum conhecimento prévio sobre ele.
O diretor de Avaliação da Educação Básica do INEP, Rubens Lacerda, ressaltou a importância de primeiro entender o Ensino Médio, para depois trabalhar no exame. Ele também trouxe um questionamento sobre a remoção da língua espanhola da prova.
— Temos que compreender a formação geral básica, o que serão os itinerários normativos. Se invertermos a ordem, vamos prejudicar jovens do Ensino Médio hoje. A ideia foi discutir quais os normativos que estão em vigor e o que a consulta realizada pelo Instituto está provocando. Por exemplo, trazer o debate de como vai ser o espanhol também é interessante. Será que não é estratégico voltar a cobrar o idioma, visto que quase todos os vizinhos do Brasil falam esta língua? Seria até uma questão de relações internacionais.
Vice-presidente da ANEC, associação que conta com mais de mil escolas associadas ao redor do Brasil, a Irmã Adair Sberga reiterou a relevância da instituição em contribuir para o INEP nesta discussão que, a longo prazo, pode mudar os rumos da Educação Básica e Superior no país. Ela destacou o papel dos educadores e das escolas católicas neste processo.
— No início dos diálogos entre o ANEC e o INEP, o presidente da instituição reconheceu o trabalho e o comprometimento da associação católica com a educação no Brasil. O propósito dos educadores é ajudar a melhorar a humanidade, e esse é o principal objetivo das escolas católicas.
O crescimento da educação à distância também foi um tema abordado na palestra. Por fim, o professor Manuel Palacios reforçou a necessidade das instituições de ensino combinarem as tarefas on-line com atividades presenciais, com o objetivo de incentivar a prática dos conceitos ensinados.
— Atualmente, o EAD expandiu de forma significativa, e nós ainda não possuímos os instrumentos mais ajustados para avaliar as condições de oferta e os instrumentos de apoio que o estudante recebe, mas, enquanto trabalhamos para isso, é interessante que sejam utilizadas formas de combinação de uma atividade usando recursos de EAD com os de educação presencial. Precisamos aperfeiçoar os instrumentos de avaliação, produzir mais informação e conseguir separar aquela oferta de educação à distância que não tenha tanta qualidade na formação daquela que combine o ensino on-line e as atividades presenciais.
Confira a matéria veiculada na TV PUC-Rio.
Texto adaptado: Angelo Ye e Carolina Bottino
Imagens: Kathleen Chelles e Mateus Monte
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