A ANEC participou, na terça-feira, 28/3, do evento realizado na sede do Ministério da Educação (MEC) em que foram divulgados o Conceito Preliminar de Curso (CPC) e o Índice Geral de Cursos Avaliados da Instituição (IGC) referentes a 2021 pelo MEC e pelo Instituto Nacional de Estudos Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Esses são dois dos quatro Indicadores de Qualidade da Educação Superior que fazem parte do ciclo de resultados calculados a partir do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). O Conceito Enade e o Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD) foram publicados em 2022. O ministro da Educação, Camilo Santana, e o presidente do Inep, Manuel Palacios, apresentaram os destaques durante o encontro em Brasília.
Dos 2.130 cursos de instituições públicas federais com o CPC divulgado, 1.266 tiveram o desempenho na faixa 4 (59,2%) e 62 na faixa 5 (2,9%). Enquanto isso, os cursos das instituições privadas com fins lucrativos atingiram, em sua maioria, o conceito 3 do indicador: 1.199 cursos (56,9%) de 2.106 resultados divulgados. Com relação à modalidade de ensino, foi observado que os cursos presenciais tiveram uma distribuição semelhante entre as faixas de desempenho 3 e 4: 46,2% e 42,7%, respectivamente. Já os cursos da educação a distância (EaD) ficaram concentrados na faixa 3 (63%).
Licenciatura – Nesta edição, foram avaliados 30 cursos de graduação, dos quais 17 são licenciaturas. A partir do cálculo dos indicadores, é possível mensurar o desempenho dos estudantes recém graduados e, consequentemente, avaliar a qualidade do processo formativo dos professores. Nesse contexto, vale destacar que, de acordo com os resultados do Censo da Educação Superior 2021, metade das 1,5 milhão de matrículas em cursos de licenciatura foram em Pedagogia (789.197), e 76% dos estudantes optaram pela educação a distância. No entanto, se forem observados somente os dados relacionados às instituições públicas federais, a proporção é diferente: 84% das matrículas em cursos de formação docente são para o ensino presencial.
Para Camilo Santana, há uma necessidade urgente de avançar na qualidade da formação dos professores. “Os dados nos estimulam no desafio de mudar essa realidade atual. Se queremos melhorar significativamente a educação básica do País, que é uma prioridade nossa, precisamos olhar para a formação inicial dos profissionais que ensinam”, disse.
O ministro ressaltou as ações em curso, como a ampliação do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid). Além disso, Camilo instituiu (por meio de Portaria) um grupo de trabalho para elaborar, em até 60 dias, propostas de melhoria no que diz respeito à qualidade da formação de professores no Brasil. O colegiado terá representantes do MEC; do Inep; da Capes; do Conselho Nacional de Educação (CNE); do Fórum Nacional de Educação (FNE); e de associações de instituições de educação superior públicas e privadas.
Na esteira das proposições, o presidente do Inep, Manuel Palacios, apresentou uma série de ações do Instituto, no sentido de aperfeiçoar os mecanismos de avaliação. “Há uma proposta de aprimoramento do Enade e da Avaliação in Loco, no que concerne à formação dos professores. O que se pretende é conceder um tratamento especial à avaliação dos cursos de licenciatura no contexto, não só do Enade, mas no conjunto de procedimentos realizados pelo Inep”, explicou. “Um aspecto especial nesse processo é, também, a nossa intenção de trazer para o debate os estágios formativos dos docentes e conseguir, com isso, iluminar um pouco mais a relação entre as instituições de ensino superior e as secretarias de estado e municipais de educação, para fins de formação desses profissionais”, completou Palacios.
O diretor de Avaliação da Educação Superior do Inep, Ulysses Teixeira, comentou as possíveis mudanças. “Em relação ao Enade, o objetivo é realizar um estudo e propor um modelo mais alinhado às diretrizes curriculares nacionais. A ideia é ter matrizes de prova e itens mais adequados, que avaliem mais as competências docentes, com um enfoque menor nos conhecimentos específicos compartilhados com o bacharelado correspondente da área”, detalhou. A periodicidade do exame e a comparabilidade dos resultados ao longo dos anos também serão analisados, bem como a possibilidade de definir critérios mínimos ou escalas que indiquem as competências básicas a serem dominadas ao fim da licenciatura. “No que diz respeito à Avaliação in Loco, há possibilidade de aperfeiçoamento nos instrumentos visando, por exemplo, identificar uma forma de avaliar os estágios supervisionados com mais detalhes. Já do ponto de vista dos indicadores, estão sendo realizados estudos para a construção de uma cesta de indicadores que permita caracterizar melhor as especificidades dos sistemas educacionais, das instituições e, especialmente, dos cursos de licenciatura”, acrescentou Ulysses.
Ao final da solenidade, a Irmã Adair Aparecida Sberga e a professora Fabiana Deflon parabenizaram o ministro Camilo Santana pela iniciativa de mudanças positivas e ressaltaram que a ANEC está à disposição para compor e colaborar com as políticas educacionais de fortalecimento das Licenciaturas e da educação básica.
Saiba mais
CPC — O Conceito Preliminar de Curso (CPC) é um indicador de qualidade dos cursos de graduação. No seu cálculo, são considerados: o Conceito Enade (desempenho dos estudantes na prova do exame); o IDD (valor agregado pelo curso); corpo docente (informações do Censo Superior sobre o percentual de mestres, doutores e regime de trabalho); e a percepção dos próprios alunos sobre seu processo formativo (informações do Questionário do Estudante).
IGC — Para chegar ao IGC, levam-se em conta os seguintes aspectos: média do CPC, considerando o último ciclo do Enade; média dos conceitos de avaliação dos programas de pós-graduação stricto sensu, atribuídos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) na última avaliação; e a distribuição dos estudantes entre as diferentes etapas de ensino superior (graduação ou pós-graduação stricto sensu).
Enade – Realizado anualmente pelo Inep, o exame é um dos componentes do Sinaes. O Enade avalia o desempenho dos estudantes em relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares do respectivo curso de graduação, suas habilidades para ajustamento às exigências decorrentes da evolução do conhecimento e suas competências para compreender temas exteriores ao âmbito específico de sua profissão, ligados à realidade brasileira e mundial e a outras áreas do conhecimento.A inscrição é obrigatória para ingressantes e concluintes de cursos de bacharelado, superiores de tecnologia e licenciaturas vinculados às áreas avaliadas.
Acesse a apresentação sobre o CPC/IGC 2021
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Texto com adaptações: Assessoria de Comunicação Social do Inep
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