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A RESSURREIÇÃO E A EDUCAÇÃO

11/04/2020
Por  ANEC Comunicação

Vida e morte sempre estiveram presentes na vida do ser humano, de qualquer condição, em qualquer tempo. O assunto nos incomoda, desinstala e amedronta, mas também nos dá perspectivas. O ser humano, nascido com uma vontade infinita para perdurar, se enfrenta com a finitude, com o não ser. É o binômio vida/morte sempre presente na nossa existência, dinâmica da nossa história. Forças da vida, forças da morte; luz e escuridão; o novo e o velho.

O termo ressurreição, do latino “resurrectio”, significa erguer, ressurgir, voltar à vida. São várias as passagens bíblicas onde encontramos episódios relativos ao tema da morte/ressurreição: três no Antigo e oito no Novo Testamento, sendo 5 delas nos Evangelhos. Em todas elas, o processo pedagógico/catequético é parecido: à aparente vitória inicial da morte e o desespero da comunidade, segue-se uma atuação contundente da força de Deus, mediatizada, que inverte a situação e torna vencedora à vida e seus valores, para alegria e esperança de todos. O assunto foi de importância fundamental na vivência educacional, formativa e catequética das primeiras comunidades cristãs.

Claro que a ressurreição de Jesus não foi como as outras que a precederam ou sucederam. Todas as outras pessoas que foram ressuscitadas (revividas?), morreram de novo. Não assim Jesus de Nazaré, que, segundo a nossa fé, está vivo para sempre. Por isso, a Páscoa se tornou o fato principal da nossa vivência cristã e é, ao redor dele, onde se articulam todas as comunidades eclesiais. “Se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa fé”, nos diz o apóstolo Paulo.

A educação também precisa ressurgir, levantar-se, ressuscitar. Reduzida, muitas vezes, a mero aprendizado intelectual, a acúmulo de saberes sem conexão com a vida (e com a morte!), sem responder às exigências e necessidades dos seres humanos e muitas vezes apenas a serviço do mercado, a educação em geral, e a católica em particular, precisam se reerguer e reencontrar o seu papel central. O momento é mais do que propício. A pandemia por coronavírus tem escancarado a fragilidade dos nossos laços humanos, os egoísmos nacionais, os interesses econômicos prevalecentes e a frágil solidariedade entre os povos. Muitos sinais de morte numa sociedade doente, acuada e com medo. De repente, como se tudo fosse deletério.

O papel da educação católica há de ser o de recuperar valores e estabelecer princípios. Criar uma pandemia de solidariedade, diálogo e ajuda entre as nações, colaboração efetiva da cidadania, luta pela eliminação do analfabetismo e de doenças já dominadas, compartilhamento dos avanços da ciência e da tecnologia, alimentar o sentimento do cuidado com os mais frágeis. Colaborar a restaurar a humanidade para todos os seres humanos e da vida como um todo.

Se, nessa Páscoa de morte e ressurreição, a educação contribuir para criar consciência e cidadania planetárias, ajudar a fortalecer laços de solidariedade entre os povos, colocar a ciência a serviço da saúde e educação de todos, principalmente os mais frágeis, essa lição magistral da qual estamos participando, terá valido a pena. E os seus ensinamentos ficarão para sempre na alma ressuscitada de todos nós.

Francisco Morales Cano

Colaborador na ANEC MG

 

 

 


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