A fome é um escândalo e um contra testemunho! Num país como o Brasil, líder mundial na produção de alimentos, ver pessoas passando fome revela muito sobre nossa economia, nossa cultura, nossa política e nossos cidadãos. Afinal, como podemos admitir que pessoas, famílias e até comunidades inteiras passem fome? A Campanha da Fraternidade 2023 propõe refletir o tema da fome a partir da perspectiva cristã entendendo, sobretudo, que não existe fé sem obras e que qualquer discurso religioso sem uma prática de vida coerente torna-se estéril e vazio.
No campo da educação podemos falar que é urgente educar as crianças e jovens para que:
consigam olhar para o outro e se compadecer;
sejam capazes de questionar as estruturas injustas da sociedade;
sejam desapegados dos bens materiais e capazes de doar solidariedade o que tem.
Infelizmente, a situação da fome se agrava porque estamos em cultura de indiferença e resignação que, muitas vezes, é transmitida dentro de casa e reforçada na convivência social. Não entendemos a urgência da fome dos outros e ainda os julgamos a partir de um olhar meritocrático e privilegiado. Muitas vezes, as crianças são ensinadas a desconfiar e odiar os pobres. Nesse sentido, as escolas católicas têm o dever moral de desconstruir esse julgamento e formar a consciência das crianças, jovens e dos pais para a empatia, a justiça, a solidariedade e o senso de fraternidade.
Objetivos da CF 2023
Objetivo Geral
SENSIBILIZAR a sociedade e a Igreja para enfrentarem o flagelo da fome, sofrido por uma multidão de irmãos e irmãs, por meio de compromissos que transformem esta realidade a partir do Evangelho de Jesus Cristo.
Objetivos Específicos
COMPREENDER a realidade da fome à luz da fé em Jesus Cristo;
DESVELAR as causas estruturais da fome no Brasil;
INDICAR as contradições de uma economia que mata pela fome;
APROFUNDAR o conhecimento e a compreensão das exigências evangélicas e éticas de superação da miséria e da fome;
ACOLHER o imperativo da Palavra de Deus, que nos conduz ao compromisso e à corresponsabilidade fraterna;
INVESTIR esforços concretos em iniciativas individuais, comunitárias e sociais que levem à superação da miséria e da fome no Brasil;
ESTIMULAR iniciativas de agricultura familiar agroecológica e a produção de alimentos saudáveis;
RECONHECER e fomentar iniciativas conjuntas entre comunidade de fé e outras instituições da sociedade civil organizada;
MOBILIZAR a sociedade para que haja uma sólida política de alimentação no Brasil, garantindo que todos tenham vida.
Indicações pedagógico-pastorais para a CF nas escolas católicas
De acordo com pesquisa realizada pela ANEC em 2022 e que será publicada ainda este ano, 99% das escolas católicas do Brasil abordam a Campanha da Fraternidade durante o ano letivo em uma rica gama de propostas pedagógico-pastorais: projetos, encontros, formações, celebrações, aulas, pesquisas… Assim sendo, apresentamos algumas estratégias para que coordenadores pedagógicos, pastorais e professores possam se apropriar.
O tema da CF 2023 é um assunto rico do ponto de vista pedagógico e didático, pois nos permite trabalhar todas as áreas do conhecimento e muitas das competências da Base Nacional Curricular Comum. Cada instituição deve reforçar sua identidade confessional aderindo à Campanha e auxiliando que, não apenas os estudantes, mas também suas famílias e os profissionais que ali atuam sejam multiplicadores da consciência que a CF 2023 vem despertar.
Trabalhando a CF na Educação Infantil
Atividades que expressem autocuidado, especialmente com relação aos hábitos alimentares e de higiene.
Narrativas e atividades para explorar o sentido da solidariedade, do cuidado com o outro e do respeito às diferenças.
Brincadeiras que estimulem a cognição e as habilidades motoras e que se relacionem, ao mesmo tempo, com os valores de cuidado e respeito à vida.
Explorar sabores, cheiros e cores dos alimentos a fim de reforçar a importância da alimentação saudável.
Trabalhando a CF no Ensino Fundamental
Leitura e produção de texto relacionado ao tema da fome e da pobreza.
Murais sobre o problema da fome do ponto de vista geográfico e econômico.
Pesquisa no Supermercado e discussão sobre os preços, o custo de vida e a distribuição da renda.
Aulas práticas sobre alimentação saudável – por exemplo: uma gincana de alimentação saudável para estimular a ingestão de frutas, diminuição de alimentos ultra processados ou criação de uma horta comunitária na escola.
Entrevistas com pais e avós sobre a cultura alimentar da família (receitas de família, hortas, hábitos do passado).
Conhecimento das culturas indígenas e quilombolas que preservam hábitos alimentares antigos e ancestrais.
Redescobrir a agricultura familiar – conhecer uma plantação e os agricultores, provar dos alimentos produzidos organicamente.
Trabalhando a CF no Ensino Médio
Pesquisa das origens da fome no Brasil, mapeando as regiões e as zonas em que o problema prevalece.
Debates orientados sobre as políticas públicas de distribuição de renda e de terra.
Conhecimento dos movimentos populares que lutam contra a fome
Mapeamento das pessoas em situação de rua e das comunidades pobres no entorno da escola e a promoção de um gesto de solidariedade para amparo emergencial.
Trabalho de campo para aprofundar em temas como a agricultura familiar e a insegurança alimentar.
Gincana solidária de arrecadação de alimentos.
Trabalhando a CF por áreas de conhecimento
Linguagens: explorar a interpretação de textos, especialmente textos visuais, que trazem a temática da insegurança alimentar. Considerar a literatura da fome como leitura paradidática, por exemplo, as obras de Carolina Maria de Jesus.
Matemática: aproveitar a riqueza de dados numéricos relacionados à fome e insegurança alimentar no Brasil e no mundo para fazer comparações, representações gráficas, cálculos de porcentagem, frações e outros objetos de conhecimento afins. O tema do custo de vida, do preço dos alimentos, da educação financeira podem ser muito aproveitados. Também há uma discussão imprescindível que deve ser incorporada na aprendizagem da Matemática no que diz respeito a outras formas de organização da economia – economia solidária, economia de comunhão, economia de Francisco e Clara.
Ciências da natureza: a questão da fome perpassa todos os componentes curriculares da área como, por exemplo, o ciclo da vida e a nutrição. Também é uma ocasião para abordar o uso de agrotóxicos, a existência dos transgênicos, o acesso facilitado aos alimentos de baixo valor nutricional como os ultraprocessados e os problemas ecológicos ligados ao agronegócio e à indústria dos alimentos. É uma oportunidade de problematizar a cultura fitness de dietas, os transtornos alimentares, os estilos alimentares de outras culturas e a “instagramização” da alimentação nas redes sociais.
Ciências humanas: a investigação dos fatores históricos, sociais e políticos que nos fizeram chegar ao momento atual de fome. O debate em torno da distribuição da renda e da terra. Compreensão do sistema econômico capitalista e os modos de exclusão social que ele produz. Debate em torno da questão do trabalho (emprego, subemprego, desemprego, “uberização” do trabalho). A cartografia da fome e da insegurança alimentar. O valor cultural e social da alimentação. Conhecimento e análise das políticas públicas que visam mitigar a fome.
Ensino religioso: o compromisso social das tradições religiosas; a cultura alimentar ligada às religiões e os alimentos considerados sagrados; as iniciativas da Igreja Católica e outras denominações para assistir às pessoas pobres (com destaque para SSVP, Caritas, Pastorais Sociais, Economia de Comunhão, Economia de Francisco e Clara).
Trabalhando a CF na Pastoral Escolar
Celebração penitencial e via-sacra com estudantes, familiares e educadores – nestes momentos, pode-se contextualizar o roteiro das celebrações a partir problema da Fome, inclusive a fome de Deus, fome de justiça, fome de paz. Para isso, os subsídios da própria CNBB são muito úteis.
Ação de voluntariado junto a comunidades carentes e pessoas vulneráveis – é muito importante que haja uma intencionalidade pedagógica e não simplesmente assistencial, pois na escola mesmo as ações pastorais devem permitir ao estudante aprender algo.
Campanha/ gincana de arrecadação de alimentos – pode ser uma atividade lúdica que envolva todos os segmentos da escola e ainda envolva a comunidade.
Encontros temáticos com grupos de jovens (há um subsídio específico da CNBB para esses encontros que deve ser aproveitado).
Formação dos educadores e dos pais.
Ação envolvendo a comunidade escolar para evitar o desperdício de alimentos.
Contato com a comunidade paroquial para conhecer e somar os grupos que atuam na pastoral social – com destaque a Sociedade São Vicente de Paulo, a Caritas e iniciativas de Economia Solidária.
Feira de Economia Solidária para promover microempreendedores, agricultores, produtores artesanais.
Na Catequese: além dos encontros específicos que podem ser incluídos no itinerário catequético (ver os subsídios específicos da CNBB), pode-se celebrar o Sacramento da Reconciliação e aprofundar nos textos bíblicos que inspiram a CF 2023, sobretudo a multiplicação dos pães. Uma dica é fazer uma dinâmica de fabricação de um pão caseiro que depois pode ser partilhado num momento de espiritualidade.
Intervenção nas salas de aula para fixar o cartaz da CF 2023.
Rezar a oração da CF 2023 na abertura das reuniões, encontros com pais e no início das aulas em alguns dias da semana, se for oportuno.
Trabalhando a CF na gestão escolar
Ações para melhorar a qualidade nutricional do que é servido nas cantinas escolares e nos lanches dos professores.
Ações para evitar o desperdício de alimentos na escola.
Formação e sensibilização da equipe gestora em torno do tema da Fome.
Momentos de oração e espiritualidade com a equipe da escola para refletir sobre o compromisso pessoal e social de conversão.
Subsídios
As Edições CNBB publicam todos os anos uma série de materiais muito úteis para as escolas. Os materiais podem ser adquiridos nas livrarias ou no site das Edições CNBB. Clique aqui.
Hino da CF 2023
Oração da CF 2023
Pai de bondade,
ao ver a multidão faminta,
vosso Filho encheu-se de compaixão,
abençoou, repartiu os cinco pães e dois peixes
e nos ensinou: “dai-lhes vós mesmos de comer”.
Confiantes na ação do Espírito Santo,
vos pedimos:
inspirai-nos o sonho de um mundo novo,
de diálogo, justiça, igualdade e paz;
ajudai-nos a promover uma sociedade mais solidária,
sem fome, pobreza, violência e guerra;
livrai-nos do pecado da indiferença com a vida.
Que Maria, nossa mãe, interceda por nós
para acolhermos Jesus Cristo em cada pessoa,
sobretudo nos abandonados, esquecidos e famintos.
Amém
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