A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) realizou, nesta quinta-feira, 9 de outubro, o Seminário de Identidade Confessional, sob o tema “Entre a herança e o horizonte – o potencial estratégico da identidade confessional da educação católica”. O evento, reconhecido como um espaço de escuta, reflexão e discernimento coletivo, reuniu gestores, equipes de Pastoral das instituições, especialistas e pesquisadores para discutir como a identidade católica pode sustentar um projeto educativo que seja evangelizador, crítico, inclusivo e profético.
A Irmã Iraní Rupolo, presidente da ANEC, e a Irmã Adair Aparecida Sberga, vice-presidente do Conselho Superior da ANEC e coordenadora do Observatório de Identidade Confessional, realizaram a abertura institucional, após a Celebração Eucarística, presidida pelo Padre Sérgio Mariucci, presidente do Conselho Superior da ANEC.
Um ponto recorrente nos diálogos foi a importância de os gestores reconhecerem a identidade confessional como o grande diferencial no mercado educacional atual.
A Irmã Adair enfatizou que essa reflexão precisa alcançar a cúpula das instituições para se traduzir em tomadas de decisão e posicionamentos que insiram a pastoralidade no organograma institucional.
“O primeiro desafio é que os gestores de todas as instituições católicas de educação entendam que a identidade confissional é o nosso grande diferencial, inclusive no mercado educacional atual,” destacou a Irmã Adair.
Ela explicou que a pastoralidade é uma ampliação do conceito de Pastoral, expressando-se no clima, no jeito e na transversalidade da instituição. É ela que ajuda a instituição a manter seu carisma, sua identidade e sua missão de “ir pelo mundo e evangelizar a toda criatura”.
Outro desafio apontado foi a formação e qualificação dos profissionais que atuam na pastoralidade, dada a ausência de um curso preparatório específico. Esses profissionais precisam investir em diversas áreas, incluindo a pedagógica, teológica, e de ciências sociais, para fortalecer a identidade, mas sem “criar uma bolha”, segundo a diretora do Setor de Animação Pastoral da ANEC, Irmã Carolina Mureb.
“A identidade confessional católica cria pontes de diálogo pelo próprio fato de ser católica. Ela cria uma ponte de diálogo com o mundo para ajudar o mundo a viver plenamente os valores do Evangelho”, reforçou a Irmã.
Na primeira palestra, Rosana Manzini, mestre em Teologia e professora da PUC SP, trouxe o tema “A Identidade Confessional Católica no século XXI: perspectiva eclesial e sociopolítica”. Ela relatou suas percepções a partir de um evento realizado em Roma e propôs um “urgente discernimento profético” diante de uma crise civilizatória e de “estruturas de morte”.
Manzini citou a exortação Dilexi Te, o recém-lançado documento do Papa Leão XIV dedicado ao amor aos pobres, e mencionou que a Igreja está à “beira do abismo ou da profecia”, destacando a necessidade de ser “sacramento de salvação e a voz do que não tem voz” em um Brasil dilacerado por violências estruturais.
O período da tarde contou com a mesa-redonda “A identidade confessional no mercado educacional”, com o Dr. Jonathan Félix e o Dr. Bruno Barreto, focando no posicionamento das escolas católicas.
O Frei Jefferson, religioso agostiniano e representante da Rede Lius, reforçou que, em um mundo da educação “bombardeado pelo capital aberto”, o diferencial é garantir o espaço da identidade e pastoralidade.
“O grande diferencial da escola católica, a meu ver, é conjugar as expectativas contemporâneas com a transmissão dos valores, a consciência crítica, que no fim das contas é a educação integral,” afirmou o Frei.
Para ele, a identidade deve ser visibilizada não apenas em ritos, mas na “transposição didático-pedagógica”, na comunicação de valores por meio dos conteúdos e na oferta de experiências, como o voluntariado, que forjam o caráter dos alunos.
Encerrando o Seminário, o diálogo com o Pe. Paulo Veríssimo, SJ, trouxe uma reflexão sobre como revitalizar a identidade confessional a partir da pastoralidade e da gestão.
Em um formato de conversa com a Irmã Adair Sberga e Gregory Rial, o padre apresentou uma síntese provocadora, convidando todos a refletirem sobre como dar mais visibilidade à identidade confessional no cotidiano das instituições católicas.
O momento final foi marcado por uma oração comunitária da “Proclamação das Bem-aventuranças da Educação Católica”, que emocionou os participantes. A celebração se encerrou com todos entoando juntos o canto da Salve Rainha, em um gesto simbólico de comunhão e esperança para o futuro da Educação Católica.
O Seminário se consolidou como um momento de encorajamento mútuo. A Irmã Benedita, do Colégio Maria Tereza, em Recife, compartilhou que os encontros da ANEC a fortalecem para enfrentar os “desafios quase diários” da educação.
“É desafio com a família, é desafio com o número de alunos, é desafio com o prédio. Para todos os lados, nós temos desafios, mas a gente tem uma fé e a gente crê que os desafios serão superados”, explicou a Irmã .
O Padre Anselmo Nascimento, vice-presidente do grupo UBEC, ressaltou que “o reforço da identidade se faz sempre necessário”. Segundo ele, a tarefa das escolas católicas é ser “profeta” e “anunciar o óbvio que está sendo esquecido”, chamando a todos a “voltar à origem, para poder confirmar a nossa verdade” em uma luta comum: o Reino de Deus.
A convergência dos temas e a realização do evento no dia do lançamento da exortação do Papa Leão foram vistas como um sinal para “intensificar a identidade mostrando a que viemos nesse mundo”.
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