Um dos relatores da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no Conselho Nacional de Educação (CNE), professor Joaquim José Soares Neto, comentou trechos do trabalho na abertura do seminário Desafios contemporâneos da educação básica, realizado pela União Brasileira de Educação Católica (Ubec) para cerca de 300 educadores de todo o país, em Brasília.
A Base Nacional Comum Curricular é um documento normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas da educação básica. “A BNCC vai impactar a educação no Brasil pelos próximos 20 ou 30 anos”, afirmou Soares Neto. Na definição dele, se trata de “ação de alta saliência na opinião pública.” O maior desafio do CNE é apresentar resultado que estabeleça “pacificação” entre as diferentes correntes que defendem propostas de bases curriculares.
Para o reitor da Universidade Católica de Brasília (UCB), Gilberto Gonçalves Garcia, o desafio do ensino superior está na formação dos professores. “É imprescindível discutir a formação dos educadores quando se fala da educação básica. O ensino superior tem a função de tornar o professor competente para a função.”
“Há certas radicalizações. O CNE é órgão de estado e trabalha para oferecer instrumento educacional de pacificação, buscando enviar sinais fortes de convívio pacífico entre as diferenças de todo tipo que nossa sociedade tem. Isso é um ponto essencial de política pública”, resumiu Soares Neto.
Estudantes da área rural equivalem à população da Suécia
Na ocasião, Soares Neto afirmou que 50 milhões de crianças serão impactadas pela BNCC, sendo sete milhões estudantes nas áreas rurais. “Esse número equivale à população da Suécia”, comparou. Ele evidenciou que há diferenças de condições de ensino entre escolas urbanas e rurais, com maiores efeitos negativos – precariedade do ensino e da infraestrutura escolar – sobre os alunos das rurais.
O professor salientou que a BNCC terá que obter a equidade de condições, cabendo aos sistemas educacionais estaduais, municipais e às escolas seguir a BNCC e, também, aproveitar espaços para criar uma “parte diversa”, especialmente para atender às questões culturais – e outras – específicas de cada localidade ou região. “A BNCC não é uma base mínima, é uma base comum. O currículo pode ser desenvolvido pelos sistemas educacionais e pelas próprias escolas.”
Fonte: Correio Braziliense