Dois pesquisadores da Universidade Católica de Petrópolis decidiram buscar, a partir da Psicologia, a existência de uma relação entre a crença na espiritualidade e o bem-estar psicológico que pode surgir desta convicção. Alciane de Almeida e Lincoln Homem Júnior estão em fase de finalização das dissertações de Mestrado que desenvolvem na Universidade e que poderão contribuir no âmbito acadêmico para a realização de outras pesquisas sobre o tema, tido como um interesse latente no ser humano ao longo da história da humanidade e que ganha cada vez mais atenção na sociedade contemporânea, onde ciência e fé, que são métodos distintos de conhecimento, podem muitas vezes seguir por caminhos opostos.
“O interesse na religiosidade pode provir, às vezes, de fatores de ordem social. Algumas pessoas experimentam um estado de mal-estar, desesperança e medo frente à vida. Em função disso desejam encontrar o bem-estar e buscam isso em uma dimensão espiritual”, explica a professora Cleia Zanatta, Diretora da Psicologia na UCP. “Neste sentido, é importante enfatizar que a Psicologia estuda a crença que a pessoa deposita na religiosidade e não a religiosidade em si. Não podemos pesquisar, por exemplo, se Deus existe ou não existe. Alguns temas do Universo não permitem investigação científica adequada por não termos os recursos metodológicos para isso. Mas, podemos pesquisar a crença das pessoas em Deus”, completa.
Algumas correntes teóricas da Psicologia admitem a estreita relação entre a religiosidade e a qualidade de vida. De acordo com Viktor Frankl, médico psiquiatra fundador da escola da Logoterapia, o homem encontra sentido para viver ao admitir a dimensão espiritual, o que contribui por exemplo, para a diminuição das aflições no momento da morte, por exemplo. Já para o fundador da Psicologia Analítica, Carl Gustav Jung, a espiritualidade é uma parte essencial para a conquista do bem-estar. Foi a partir desta linha de raciocínio que o psicólogo Lincoln despertou o interesse para desenvolver a pesquisa sobre Crenças na Espiritualidade e na Religião sobre o Bem-Estar Psicológico. Por meio de entrevistas com pessoas de faixas etárias distintas, gêneros diferentes, o pesquisador busca identificar se a crença na religiosidade é capaz de promover o bem-estar psíquico, de forma a possibilitar um sentido para viver e facilidade para lidar com adversidades da vida. “Considero a religiosidade de suma importância para todo o psicólogo. Desta forma, fui atraído pela disciplina eletiva Crenças e Sistemas de Crenças, que é oferecida no Mestrado em Psicologia da UCP que foi um caminho possível para seguir a linha de raciocínio que eu pretendia”, explica Lincoln.
Após perceber que a prática dos exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola contribuía para o desenvolvimento da qualidade de vida entre os praticantes, a psicóloga e pesquisadora Alciane de Almeida formulou a pesquisa Os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola e o processo de Individualização segundo Carl Gustav Jung. “Percebi que as etapas propostas por Santo Inácio de Loyola nos Exercícios Espirituais contribuem para que o exercitante tenha maior conhecimento de si mesmo e, consequentemente, atinja um amadurecimento espiritual e psicológico” explica Alciane. “Os exercícios inacianos favorecem o autoconhecimento e a reflexão sobre a própria vida com o objetivo de encontrar Deus”, destaca a pesquisadora que defenderá a dissertação em julho deste ano.
Fonte: ASCOM/UCP